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Esse blog é um espaço para a reflexão de como podemos fazer para Viver de Teatro.
É possível? Vale a pena?
Espero que meus relatos e os comentários postados aqui por vocês possam servir de debate nessa discussão.



segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Fim de ano para o Boccaccione

Fim de ano um pouco vazio esse sem auto de Natal, com o Milton tendo que antecipar sua ida para Votuporanga e os integrantes do Grupo cheios de coisas pessoais que impedem nossos encontros como sempre foi. Tem horas que o preço que pagamos para nosso crescimento é caro e doloroso.


Os planos para 2012? Ainda confuso 2012 aponta um caminho novo, provavelmente novos nomes integrarão e outros aprenderão a refazer seus caminhos... Nem mesmo eu ainda consigo planejar direito o que poderemos fazer e os projetos que desenvolveremos. Mas isso também é uma forma de aprendizado e lidar com o inusitado, apesar de tirar o controle de nossas mãos, pode nos trazer grandes e boas surpresas.

Obrigado a todos que estiveram com a gente na plateia, nas festas, nas produções, nas aulas e que venha um ano NOVO com tudo o que ele de melhor puder nos trazer!!!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Feliz Natal!!!!

Auto de Natal - Cia Teatral Boccaccione
Direção - João Paulo Fernandes
Fotografia - Rodolpho Cavalheiro


"Dizem que, ao chegar a época em que se comemora a Natividade do nosso Salvador, o pássaro matinal se põe a cantar a noite inteira, nenhum espírito então se atreve a adejar pelo espaço, as noites são saudáveis, os planetas se acalmam, as fadas não atuam, nem as feiticeiras usam o seu poder de encantamento.   Como esse tempo é feliz e cheio de graça".(W. Shakespeare)

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Acabou 2011???

Esse ano foi muito intenso para mim... Novos desafios e muitas pessoas interessantes conheci na área teatral.


Logo no comecinho do ano ministrei, juntamente com a Cia Boccaccione, pela Oficina Cultural Cândido Portinari a oficina de circo-teatro “BENJAMIM, O FLILHO DA FELICIDADE”.

Os queridos alunos da III Turma do Curso Técnico em Arte Dramática do SENAC se mostraram ousados e com muita vontade de trabalhar. Também muito interessante foi a consolidação da Mostra de Artes Cênicas do SENAC podendo reunir grandes profissionais de teatro de Ribeirão Preto em Workshops gratuitos para a população.

Em Cajuru houve um Festival de Teatro Estudantil onde pude levar para apresentar alunos do CRAS – Cravinhos e Serrana, alunos da Oficina de Artes e os do SENAC. Momento muito interessante de troca artística e envolvimento dos grupos.

Claro que não posso deixar de citar a FESTA DE 5 ANOS DO BOCCACCIONE. Momento importante, alegre e que diz muito sobre nós. Levamos nosso repertório infantil para o SESC – Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Campinas e Catanduva.

Ah... O Rio de Janeiro... Ele é realmente lindo. Junto com a Cia. Boccaccione fizemos uma curta temporada com a peça que nos aproximou – Faustino, um Fausto Nordestino – na A.B.L. (ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS).

Participamos de Festivais de Teatro importantes no estado de SP e no RJ (Presidente Prudente, São José dos Campos, Araçatuba, Pindamonhangaba, Paraguaçu Paulista, Quatis e o nosso, de Ribeirão Preto, para não deixar de citar).

Integramos ao grupo estagiários que nos ajudaram muito a amenizar a montagem, transporte e manutenção dos objetos cênicos. Diego, Vilsinho, Alex, Biba... Muito obrigado!

Os alunos da Terceira Idade no SESC Ribeirão Preto levaram sua arte para o SESC de São José do Rio Preto realizando um intercâmbio cultural significativo!

O projeto SALA DE TEATRO trouxe uma reflexão sobre formação para o grupo Boccaccione e nos fez aprender muito.

Também aprendi, ri e me diverti com a turma do curso livre – Interpretação para TV e Cinema do SENAC.

Ufa! Quanta coisa...

Depois de tudo isso vem as merecidas férias... Espero que essa pausa possa me ajudar a organizar melhor as ideias e pensar numa forma de fazer melhor todos os desafios que vierem em 2012.

Obrigado aos que acompanham o BLOG e um abraço afetuoso de Feliz Natal!

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

II FESTIVAL DE TEATRO DE RIBEIRÃO PRETO

A multiplicidade de linguagens que os grupos da cidade possuem voltou a ter espaço no 2º. Festival de Teatro de Ribeirão Preto.

Foi evidente o aumento do público espontâneo. A qualidade também melhorou com a curadoria assinada por Letícia Andrade.

Os debates ainda careceram de pontuações mais críticas. O ator Gustavo do grupo Espanca de Belo Horizonte nos mostrou como é importante o intercâmbio com grupos de fora para o debate mais profundo com as produções locais.

Talvez esses sejam os dois pontos mais necessários, na minha visão, para uma próxima edição: Críticos e Companhias de fora!

A crítica ajuda a repensar sobre o trabalho e o intercâmbio cultural nos redimensiona.

Parabéns à Secretaria Municipal de Cultura e aos grupos teatrais de Ribeirão Preto que estão escrevendo uma nova história.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Espaço na mídia para produções locais.

Falta imprensa especializada. Em nossa cidade (Ribeirão Preto) temos percebido um aumento significativo na 
área cultural, mas nossa imprensa, em geral, não tem evoluido com isso. Não existem críticos de arte, na tv só tem espaço para apresentações com Globais e CQCs de qualidade questionáveis. Fala-se muito sobre entretenimento e pouco sobre arte na mídia local. E a gente vai levando...

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Êta vida mambembe!

Nossas viagens estão cada vez mais intensas. Com UBU Rei rodamos os principais Festivais de Teatro do Estado de SP.

Como temos a Oficina antes da peça tenho tido a oportunidade de conhecer muita gente que ama o teatro, atores, alunos, gente de todo o tipo... idade, classe social... Muito ver em cena o Boccaccione em cada lugar com uma composição diferente.

Muito bom aproveitar essas viagens para boas risadas como o elenco, técnicos – estagiários... Curtir os hotéis e relaxar da correria que a vida artística nos impõem para sobreviver.

Que venham mais viagens! Que venham mais pessoas...

A relação humana que o Teatro nos proporciona é algo indescritível!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Nomeando um grupo de teatro

“E o que é um nome?” Ah, Sônia, porque me persegue?

Um nome de um grupo de teatro não segue uma regra para ser esolhido.

Um nome pode apenas ser um nome... Pode revelar uma característica da linguagem estética do grupo, pode ter aparecido “do nada” numa reunião despojada entre os integrantes.

O nome também pode ter sido um presente de algum padrinho, ou qualquer outra coisa. Ao invés de buscar um SENTIDO busque uma identificação.

Existem diversos grupos teatrais com seus diversos nomes, cito aqui alguns de Ribeirão Preto: BOCCACCIONE, ENGASGA GATO, LOS MUCHOS TCHÁ TCHÁ TCHÁ, ZIBALDONI, FORA DO SÉRIO, ANDARILHOS, TERTÚLIA, ESTÔMAGO, QUERATINA, COMPANHIA DAS CENAS, CORNUCÓPIA, AGNUS ARTE, ACIMA DO BEM E DO MAL, AINDA SEM NOME

Certamente deixei muitos de fora, mas só para uma demonstração bairrista da diversidade de nomes, sentidos e significados.

Não é fácil nomear, não é legal rotular, mas precisamos de uma identificação artística. Sempre é bom buscar por um nome e se esse momento possibilitar o debate, a amplitude do conhecimento e a sensibilidade artística que a escolha de um nome seja um momento valorizado, demorado e questionado!

Política barata dentro de grupos NÃO!!!

Chega a ser patético algumas pessoas que fazem, dentro dos grupos teatrais que participam, uma organização política de dar inveja à Brasília!

Não estou dizendo de panelinhas, quando pessoas que possuem afinidades se encontram com mais freqüência, como comumente vemos nas escolas, onde aquele grupo só deseja realizar o trabalho, preparar a cena entre os integrantes de sempre...

Falo aqui de reunião, conspiração, busca por votos e sabe lá o preço do “mensalão” teatral que estão pagando. Elogios em excesso se tornam diplomacia, demagogia muda de nome para ética e por aí vai. Tudo isso em nome do poder de decisão que chega desde a escolha do nome do grupo às decisões mais sérias que não deveriam ser tomadas por democracia. Aliás o democrático demais me incomoda, afinal “toda unanimidade é burra”, já dizia Nelson Rodrigues.

Ora, se temos pessoas com talentos e competências diversas, acredito que o mais sensato seja delegar à essas pessoas o poder de discernimento sobre questões que lhes cabem.

Outro dia, conversando com uma atriz da área, que revelava sua insatisfação sobre esse processo politiqueiro percebi como isso tudo pode afundar a arte, o processo de pesquisa, desintegrar um grupo todo.

Ela deixou o seu grupo. Junto com ela começamos a nos questionar...

Como promover o diálogo, sempre aberto sem ferir os egos de nós, atores, que temos em nossa essência, entre outras qualidades, a vaidade? Como compreender o caminho para o onde o grupo quer ir, privilegiando os desejos pessoais sem perder o foco da chama inicial que reuniu todas essas pessoas? Como permitir que amizades não deturpem o sentido da reunião daquele grupo, que é muito maior do que assuntos pós-balada?

Não consigo responder todas essas questões por outros, mas preciso refletir por mim...

Foi o que ela não fez. Ela não procurou em si a resposta, ela esperava dos outros a mudança e isso faz muita diferença!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Sou apenas um homem de Teatro

"Sou apenas um homem de teatro. Sempre fui e sempre serei um homem de teatro. Quem é capaz de dedicar toda a sua vida à humanidade e à paixão existentes nestes metros de tablado, esse é um homem de teatro"

Esse trecho da peça "Liberdade, Liberdade" escrita por Millôr Fernandes e Flávio Rangel resume muita coisa do que sinto e anseio viver!

sábado, 17 de setembro de 2011

Manifesto para que não fechem a Faculdade de Teatro no Centro Universitário Barão de Mauá

Foi com dor no coração que participei de uma manifestação na sede do Centro Universitário Barão de Mauá.

Neste local, em 1998, comecei a faculdade, que antigamente chamava-se Artes Cênicas e hoje é Teatro.

Muitas lutas nós, da primeira turma, tivemos que abraçar: local adequado, corpo docente preparado, apoio da instituição... Naquele tempo Amilton Monteiro era o coordenador (saudade).

Hoje a previsão é a de que o curso não existirá mais, apenas formarão os alunos que estão e não abrirão mais vestibular. Motivo: o curso não dá LUCRO!

Aprendi, no meu modesto conhecimento sobre administração, que para você ter lucro, antes você precisa INVESTIR.

Onde percebemos investimento da Barão de Mauá no curso de Teatro? Num campus que delega o subsolo para as aulas, na falta de equipamentos básicos (som e luz) modernizados, numa sala de espetáculo que recebe os pais dos alunos no final de cada ano sem um ar condicionado?

Ora, quem pode pagar R$800,00 por mês exige, pelo menos, um mínimo de qualidade nos serviços estruturais.

A equipe docente é boa, já passou por altos e baixo, mas a que está em vigor, atualmente, consegue se entrosar bem com propostas pedagógicas antenadas com o teatro contemporâneo. Mas isso não basta.

O custo é muito alto. Um aluno de administração, que paga quase o mesmo valor, já consegue ganhar o dobro quando termina a faculdade, um aluno de teatro saberá quando irá repor esse investimento.

Mas uma faculdade de Teatro é muito mais que isso. É o local onde ainda pulsa o coração... É onde os questionamentos podem ser feitos, onde o grito de liberdade pode ser ouvido. Não precisa ter lucro! Basta qualquer “marketeiro” medíocre pensar que irá constatar que os inúmeros festivais que esses alunos tem ido, as apresentações na cidade, enfim... tudo isso agrega valor de marketing para a faculdade.

É triste constatar que em nome do lucro uma tradição é jogada no lixo...

Espero que esta ação faça-os pensarem melhor... Caso contrário fica a sugestão: Transformem a sede na rua Ramos de Azevedo num shopping Center, aí sim terão lucro!

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Crítica - UBU REI - FESTIVALE

Como não houve espaço para o bate-papo no FESTIVALE, resolvi falar um pouco, aqui mesmo, sobre a excelente crítica que recebemos de Alexandre Mate – Doutor em História Social pela USP e professor do instituto de Artes da UNESP – São Paulo.

Os comentários de Alexandre Mate estão itálico e a crítica completa pode ser lida no site do Festival.

http://www.fccr.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1280:criticas-festivale&catid=81:festivale&Itemid=88#um_ubu







“O primeiro destaque é levar Ubu Rei para os logradouros públicos. Segundo é construir a obra a partir de diversos expedientes ligados ao teatro popular e, também, ao teatro épico, especialmente aquele sistematizado por Bertolt Brecht.”



Quando resolvemos pensar em um novo trabalho de rua o texto UBU REI de Alfred Jarry não saída da minha cabeça.
A idéia era utilizar a rua como espaço de criação e exploração espacial. A proposta era que as cenas pudessem ocorrer num andaime, com seus planos e possibilidades.


“No geral, apesar de o épico-brechtiano pressupor ausência de unidade estilística, a encenação dos boccaccioni é uma grande e escatológica farsa.”



Uma outra idéia também me impulsionava: inserir pessoas, que tivessem experiências com teatro ou não, em uma oficina preparatória para a peça. A intenção era a de que essas pessoas pudessem participar do espetáculo, com figurinos, marcações e textos. Queria levar às últimas conseqüências a improvisação que a rua possibilita. Esse jogo só seria possível com uma dedicação imensa dos atores numa doação generosa de tempo entre sua atuação e a condução dos oficinandos.





A Cia. Teatral Boccaccione é formada por um bando de atores, mas – e o lance é genial – para apresentar a obra, eles oferecem uma oficina da qual saem participantes, que se somam ao bando original, cuja função cênica principal e a de coro.




Fazia tempo que eu não era dirigido e minha vocação chamava aos gritos! Convidamos, então, a querida Tânia Alonso para dirigir o espetáculo com essas idéias concebidas.
O resultado está aí: um espetáculo anárquico que vem ganhando espaço e projetando a companhia por grandes festivais.

“Finalizo cumprimentando a diretora Tânia Alonso que dirige a obra e conseguiu criar um surpreendente, farsesco e interessantíssimo espetáculo de rua.”

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Festa de Comemoração - 5 anos - Cia. Teatral Boccaccione

5 anos de vida de um grupo de teatro!

Parece pouco, mas se tratando de arte, de um grupo de teatro que mantém a maior parte de seus integrantes com o elenco original e sediado no interior do estado, fora do circuito Rio – SP é uma vitória!

A cultura popular nos moveu às pesquisas que se tornaram nossa estética: Teatro de Rua, Música, o Lúdico em Cena... Tantas coisas que não caberiam colocar aqui.

No dia 10 de setembro o Boccaccione reuniu amigos, ex-integrantes, galera da nova e da antiga  fase do teatro de Ribeirão Preto, alunos, professores, colegas de trabalho. Tanta gente para comemorar não só o aniversário de um grupo, mas para comemorar também a vida teatral que se modificou bastante nos últimos anos.

O local para a comemoração não poderia ter sido melhor: Casa das Artes. Nesse espaço nós ensaiamos um por um bom tempo antes de termos nossa sede própria. Quando a Cia Ainda sem Nome se mudou pra lá nós fizemos a abertura com a peça Ai, Amor... enfim! Um local cheio de artes e história para nós...

Para uma festa tão importante nossas roupas (pouco discretas) foram confeccionas por nossa figurinista, que nos acompanha há anos: Zezé Cherubini.
Cantando para todos uma ex-integrante do grupo que hoje se dedica exclusivamente à música: Alessandra Ramos.
A querida Iana Montanha, atriz, dramaturga e que faz nossa iluminação na peça A IGREJA DO DIABO cuidou de todos os detalhes: Drinks, organização, segurança, depoimentos em vídeo...

Celebramos o Teatro, a vitória da paixão, a alegria de fazer (e viver) do que gosta.


domingo, 11 de setembro de 2011

Você tem vocação?


Outro dia um aluno me perguntou se ele tinha talento.

Comecei a refletir sobre isso. Não consigo mensurar o talento de uma pessoa assim, tão facilmente.

Talento está relacionado a valores, lembro-me aqui de uma passagem bíblica que se refere aos talentos, que era um dinheiro naquela parábola. (Está no Evangelho de Mateus, cap. 25).

Prefiro usar VOCAÇÃO. Vocação tem sua origem etimológica no latim (vocatione) que, entre outras coisas, quer dizer chamamento.

Talento é muito subjetivo. Um ator pode ser maravilhoso pra mim e não agradar você. Cada pessoa acaba julgando o valor do trabalho de acordo com conceitos pessoais.

Já a VOCAÇÃO vem do interior do indivíduo. Pra que você se sente chamado? Usando outra comparação com sentido religioso, os padres se questionam (ou deveriam) o tempo todo sobre sua vocação. Nós artistas também devíamos fazer o mesmo.

Você se sente chamado a fazer teatro?

Você pode responder com atitudes esse chamado, ou pode tentar negá-lo numa angustiante procura por realização material, de status ou de qualquer coisa, mas quando respondemos sim para nossa vocação artística e nos empenhamos no aprimoramento do trabalho a realização profissional e pessoal acontecem de forma plena! 

domingo, 4 de setembro de 2011

Brecht, o jornal e a rua

Bertold Brecht é um dos escritores fundamentais de teatro: revolucionou a teoria e a prática da dramaturgia e da encenação, mudou completamente a função e o sentido social do teatro, usando-o como arma de conscientização e politização.

Brecht era um pensador prático, que sempre recriava suas peças ou "experimentos sociológicos", como as preferia chamar, no intuito de aperfeiçoá-las. Pois era através delas que toda sua teoria, crítica e pensamento seriam expostos.

A intenção de usar o jornal como ponto de partida na preparação do ator que vai estudar o método brechtiano  amplia a visão e insere a arte no meio social como forma de denúncia ou transformação da sociedade.

Estar atento às questões políticas e econômicas possibilita ao ator uma visão crítica do mundo em que vive e uma análise profunda na criação de suas personagens.

Esse grito ecoará muito mais forte se a expressão dessa arte ocorrer fora das paredes dos edifícios teatrais, cada vez mais subservientes ao consumo de uma burguesia que procura entretenimento apenas e renega a arte.

A busca pela rua é uma forma de colocar o ator em contato com um público muitas vezes marginalizado, distante do teatro e da discussão social.

Brecht, jornal e rua se entrelaçam e se complementam como linguagem estética e discursiva. A forma de desenvolvimento dessa pesquisa deve ser prática, viva e pulsante. As experiências servirão de base para a conclusão do trabalho final. O que podemos esperar desse resultado é o que veremos com a III Turma de Artes Dramáticas do SENAC Ribeirão Preto.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Loucura, Loucura, Loucura (aplausos)


Fechamento de mês...

25 apresentações em 31 dias, ufa!!!

Retorno das aulas;

Apresentação do Repertório Infantil do BOCCACCIONE nos SESCs Ribeirão Preto e São José do Rio Preto;

VIII Mostra de Artes Cênicas – SENAC

A Valsa número 6

Ai, amor... em São José do Rio Pardo

Itinerância do SESC Ribeirão Preto por algumas EMEIs.

Estréia da Leitura Dramática AUTO DA BARCA DO INFERNO

FENTEPP com UBU REI

O corpo está acabado, a voz necessitando de repouso e cuidados especiais, o cansaço mental, os silêncio para se resguardar, os gritos para extravasar... tudo isso faz parte do contexto mágico que tenho vivido intensamente!

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

UBU REI de volta...

Voltamos a apresentar a peça de rua UBU REI. Tinha até me esquecido como era... Hoje, em plena sexta-feira foi assim:


Carrega cenário;

Monta cenário;

Ministra Oficina;

Apresenta a peça;

Desmonta cenário;

Carrega cenário!

Morre?

Não!!!

Banho – Abastece o Carro – Corre para Batatais

Aula.

Acabou?

Não!!!

Volta para o SENAC – VIII MOSTRA DE ARTES CÊNICAS

Jantar com os alunos/ atores de Franca

Dorme.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Leitura Dramática - AUTO DA BARCA DO INFERNO


Como esse ano nós, da Cia Teatral Boccaccione, comemoramos 5 anos de vida resolvemos fazer uma versão bastante celebrativa na encenação da Leitura Dramática do AUTO DA BARCA DO INFERNO, texto do nosso padrinho Gil Vicente.
Quando nosso grupo nasceu para o mundo foi com o texto O VELHO DA HORTA desse grande dramaturgo português, numa versão para o Teatro de Rua.

O público chega e é recebido por uma banda, formada por atores do grupo, cantando diversas músicas da cultura pop que falam sobre o tema – CÉU X INFERNO – e ainda recebem diversas imagens de personalidades que eles deverão escolher se merecem o paraíso ou a barca da condenação. Como juízes a platéia age de acordo com seus princípios e preenche dois painéis no palco com as fotos das pessoas escolhidas.

A partir daí dá-se início ao texto onde os atores se revezam nas personagens do Anjo e do Diabo e os diversos recém-falecidos que chegam buscando um local para embarcar.

Depois da apresentação no SESC, com casa cheia e contagiante, temos andado na itinerância pelas escolas da cidade Ribeirão Preto, levando esse trabalho por aí...

Estamos seguindo... vivendo de teatro!

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

São José do Rio Pardo

Viajamos nesta quarta-feira para a cidade de São José do Rio Pardo para apresentarmos a peça AI, AMOR... na semana Euclides da Cunha.

Foi uma viagem prazerosa, por entre paisagens lindas... A apresentação teve um "ar" de promiscuidade por parte dos atores, o que deixou a peça saborosa e atraente. O público se deliciou e nós, da companhia, também.

Há uma promessa para que regressemos. Se isso ocorrer não vou esquecer a câmera e prometo presentear a todos com imagens belíssimas de uma cidade tão próxima, mas que eu não conhecia. Suas ladeiras e o jeitinho mineiro dos que nos receberam certamente ficarão em nossas lembranças, inclusive o delicioso açaí que comemos na praça!

É... viver de teatro tem seus sabores...


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Diário de Bordo de um Agosto sem desgosto!


Durante o mês de agosto nós, da Cia. Teatral Boccaccione, vamos trabalhar muito apresentando nossa arte por diversos lugares.


As Unidades do SESC em Ribeirão Preto e São José do Rio Preto fecharam uma programação especial com 4 espetáculos infantis do nosso repertório.

Para nos ajudar com a montagem dos cenários 2 alunos do curso Técnico em Arte Dramática do SENAC Ribeirão Preto, Alex Targino e Gabriela Vansan, se voluntariaram para acompanhar o grupo e ficarem mais por dentro da rotina de quem vive de teatro.

Iniciamos com O FLAUTISTA DE HAMELIN em Ribeirão Preto no dia 6/8.

Após carregar toda a parafernália cênica chegamos ao SESC e haviam preparada um espaço não muito adequado para a apresentação. Sem a produtora nos acompanhando, os atores resolveram a situação e logo transferimos a montagem do cenário e do equipamento de luz para um local mais apropriado.

Sessão lotada, ingressos esgotados e um fim de tarde com sensação de dever cumprido.

No Domingo, 7/8, levamos o mesmo espetáculo para São José do Rio Preto. Teatro bastante cheio numa apresentação que fluiu muito bem. Os atores tiveram a sensação de uma boa cumplicidade por parte da plateia. Não houveram erros técnicos devido ao novo sistema de organização dos bastidores.

Como sou diretor desse espetáculo coube a mim o acúmulo da função de operador de luz. Muito tranquilo, afinal esse espetáculo não tem um desenho de luz complicado.

Voltamos na VAN assistindo DVD e as risadas ficaram por conta das trapalhadas do Marcelo, como sempre!



sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Cena de Uma sexta-feira Real

(Dramaturgia - João Paulo Fernandes em criação coletiva)


A cena pode ser interpretada por apenas dois atores. Um fará o papel de “Eu” que deverá ir se descontrolando com o decorrer do tempo cênico.
O outro ator fará os demais papéis, apenas trocando algum elemento que o identifique. Sua interpretação deverá ser sempre fria e inexpressiva.

Gênero – Drama Psicológico


(Relógio marcando 14h30)
Eu -Ciretran, vim buscar meu Licenciamento pq o Correio não entregou.

Ciretran - Eles só mandam pra gente depois de 30 dias não reclamados.

Eu - Correios, vim buscar meu Licenciamento.

Correios - Não consta a sua placa como expedida no sistema...

Eu - Poupatempo, quero saber como não consta que paguei o licenciamento?

Poupatempo - Consta sim. Mas vc deve voltar nos correios e pedir ao gerente que verifique todos os sedex da sua rua nos últimos 3 dias. Deve estar com eles...

Eu - Correios, segundo o Poupatempo está aqui.

Correios - Você acha que temos condições de procurar entre mais de 5 mil sedex?

Eu - Não sei, não sou funcionário, quem me mandou foi a moça do Poupatempo.

Correios - Onde vc pagou? O banco emite um número de envio, vc tem o numero?

Eu – Paguei no Santander...

Correios – Ah, o Santander não trabalha com entregas através dos Correios. Eles tem uma empresa própria.

Eu – Santander, quero saber sobre o envio do meu Licenciamento. Os Correios disseram que vocês não fazem mais envios por eles.

Santander – Realmente, mas para serviços do Banco. No caso do Licenciamento a gente repassa ao órgão responsável o valor do pagamento e eles enviam o Licenciamento através dos Correios sim...

(Relógio marcando 18h)


Eu – Alguém pode me ajudar? Há algum lugar onde eu possa reclamar? Polícia!

Polícia – Sinto lhe informar, mas precisarei recolher o seu carro. Está com o Licenciamento vencido.

Eu – Não! Aqui o recibo de que foi pago no Santander.

Polícia – Leia aqui: “ESTE RECIBO NÃO SUBSTITUI O DOCUMENTO ORIGINAL”.

domingo, 3 de julho de 2011

Faustino, um Fausto nordestino - estreia no Rio de Janeiro

Nesta segunda-feira estreio como ator a peça Faustino, um Fausto Nordestino, uma parceria entre a autora Eliane Ganem, que também dirige o espetáculo, e a Cia. Teatral Boccaccione.

Claro que estou ansioso, afinal, estreia sempre é um momento tenso. O texto todo é feito em cordel, não dá para improvisar, e atuar nos palcos cariocas, ainda mais no Teatro da Academia Brasileira de Letras, mexe muito internamente...



Espero que essa temporada seja muito proveitosa, que possamos abrir mais e mais portas e que nosso trabalho seja bem acolhido aqui no Rio de Janeiro!

meRRRRRRRRRda!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Siempre Teatro

Estive em Buenos Aires no feriado de Corpus Christi. Fiquei admirado com as construções em estilo europeu, com a limpeza das ruas, com o preço baixo do táxi, com a quantidade de pontos turísticos e a infra-estrutura que vi lá.

Mas estamos em um blog sobre teatro, certo? Não vou detalhar cada parte da viagem, fiquem tranqüilos. O que quero contar é sobre a vida cultural daquele lugar.

Existe uma avenida chamada CORRIENTES que é simplesmente fantástica. Nela você encontra um teatro ao lado do outro. Sem exagero algum! Amei passear por lá. De dia e de noite há um movimento bem interessante. Peças de vários tipos, gêneros e qualidades.

Foi ali mesmo, no centro da avenida, pertinho do OBELISCO que comprei meu ingresso para o espetáculo que fui assistir na sexta à noite. Sim, eles têm uma espécie de guichê que funciona com duas moças vendendo ingressos até às 20h!!!

Descendo essa avenida, na sexta-feira, fui até um espaço cultural chamado LUNA PARK. A quantidade de pessoas já demonstrava o interesse dos que estavam ali para o que iria acontecer (a maioria Argentinos, os Brasileiros estavam fazendo compras, certamente).

Foi um espetáculo. FUERZA BRUTA é o nome do trabalho! Apoteótico, vibrante e contagiante. A princípio parece que vai rolar uma balada, um show, mas quando começa os atores-músicos-bailarinos dão uma demonstração de pura energia num espetáculo criativo e muito fascinante. Essa peça já rodou o mundo (inclusive já esteve no Brasil) e é um trabalho que merece ser visto.

Valeu a viagem...

Fiquei muito feliz com tudo o que vi por lá. Como um povo que está tão perto de nós valoriza tanto a sua cultura!? Dá para começar a compreender se observamos que, ao lado de cada Teatro tem uma livraria.

Besos e abrazos a todos!

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Pra que serve um Prêmio?

Um prêmio massageia o ego, faz nossa vaidade vir à tona, mas também tem a função de nos fazer acreditar que estamos no caminho certo.

Quando ele é um reconhecimento por anos de trabalho, inúmeros sacrifícios e constante aprimoramento deve ser celebrado, festejado e comemorado.

Claro que para os olhares mais invejosos ser premiado nem tem tanto mérito assim. Mas para aquele que pega o troféu com o sabor da vitória, da realização e da consagração de uma criação, para esse o prêmio tem um sabor muito especial. Justifica uma carreira, às vezes até iniciante.

Além disso agrega valor. Um currículo de um espetáculo premiado abre portas e impõe respeito ao grupo. Infelizmente muitas pessoas vivem de imagens e só reconhecem um trabalho quando ele vem com um título agregado.

Quem dera se as pessoas assistissem teatro por sede dessa arte, mas a maioria buscam o ator conhecido, o diretor polêmico ou a peça premiada.

Também serve para abrir espaço na mídia. Todos os finais de semana temos uma programação bastante farta acontecendo nos teatros locais, mas só quando o grupo vem com o feito de ter sido premiado ele encontra espaço nas mídias para a divulgação do seu trabalho. Então aproveitemos! Enquanto se fala de prêmio, fala-se também de teatro, revela-se os artistas envolvidos e motiva o público a sair de casa.

Espero ter aproveitado esse tempo de exposição na mídia para promover a arte que mais amo. Dessa forma, espero ter contribuído para abrir espaços não só para o meu grupo, mas para todos aqueles que lutam diariamente para divulgar seus trabalhos.

Quero finalizar dizendo que ganhar esses prêmios foi muito bom! Mas nosso aprendizado, de fato, veio dos debates que rolam nesses festivais. Esse é um prêmio verdadeiro. Aquele que modifica seu olhar sobre a peça e faz você evoluir artisticamente...


“Viver, e não ter a vergonha de ser feliz!”

domingo, 5 de junho de 2011

Festival Paraguaçu Paulista

Festival Paraguaçu Paulista

No domingo foi apenas uma parte do elenco para a apresentação de O FLAUTISTA DE HAMELIN. João Paulo e Michel ficaram para dar continuidade à oficina “Do Texto á Cena” no Parque Maurílio Biagi.

Durante a montagem de luz, por um descuido, o motorista da Van cai do palco, desmaia, machuca o nariz, sangra, levam-no para o hospital da cidade, correm para Assis, 3 costelas quebradas e o pulmão perfurado.

Elenco completo na segunda: A IGREJA DO DIABO é apresentada com sucesso à noite. Na volta metade do elenco na Van (Marcelo, Karol, Milton, Nathália e Iana). Acidente! A Van bate em uma manada de Búfalos. Sim!!! BÚ-FA-LOS!!! A Van quebrada, uma saveiro com perda total, 4 búfalos mortos e nenhum ferido.

Milagre!

Resultado de nossa ida para Paraguaçu Paulista:

Prêmio Melhor Espetáculo Adulto: A IGREJA DO DIABO

Prêmio Melhor direção: João Paulo Fernandes A IGREJA DO DIABO

Prêmio Melhor Ator: Michel Masson A IGREJA DO DIABO

Prêmio Melhor Ator Coadjuvante: João Paulo Fernandes A IGREJA DO DIABO

Prêmio Melhor Cenário: João Paulo Fernandes A IGREJA DO DIABO

Prêmio Melhor Trilha: Lilian Amantea e Milton Ávila A IGREJA DO DIABO

Prêmio Melhor Maquiagem: Nathália Fernandes A IGREJA DO DIABO

Prêmio Melhor Figurino: João Paulo Fernandes A IGREJA DO DIABO

Prêmio 3o. Lugar Espetáculo Infantil: O FLAUTISTA DE HAMELIN

Prêmio Melhor Ator Coadjuvante: Marcelo Ribeiro O FLAUTISTA DE HAMELIN

Prêmio Melhor Atriz Coadjuvante: Karol Nurza O FLAUTISTA DE HAMELIN

Prêmio Melhor Trilha: Lilian Amantea e Milton Ávila  O FLAUTISTA DE HAMELIN

Prêmio Melhor Figurino: Bel Honorato O FLAUTISTA DE HAMELIN

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Intenso


Hoje apresentei duas sessões do espetáculo A IGREJA DO DIABO, onde atuo e também assino a direção, COM A Cia. Teatral Boccaccione no Theatro Pedro II na 11ª. Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto.

É espetacular olhar para todo aquele teatro lotado de jovens que, magicamente, participaram integralmente da peça, ouvindo, rindo, comentando, aplaudindo...

Após a intensidade de diversas apresentações e voltando de uma bateria de festivais o resultado em cena é fantástico: entrosamento entre os atores, diversão durante a execução de cada cena, atenção para sentir a platéia respirando com o elenco.

Uma temporada de apresentações aperfeiçoa a arte! Um momento lindo e intenso que tenho vivido com o meu grupo por esses dias.

Merd®a!

sexta-feira, 27 de maio de 2011

CORRE-CORRE

Blog, aulas, oficinas, contações de histórias, apresentações, festivais, projetos sendo formatados, pesquisas para direções...

Corre-corre doido da vida de um artista que está vivendo de teatro sem pausa para o café. Tem dias que esqueço até de fazer xixi.

Voltamos do festival de Quatis (Rio de Janeiro) e já corremos para deixar tudo pronto para outro festival, em Paraguaçu Paulista.

Experiências sobre todas essas vivências vou relatando por aqui com o tempo!

Abraços a todos...

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Quanto vale o show?


Uma peça de teatro, para ser levada aos palcos (ou às ruas), precisa de um imenso investimento. Durante meses de trabalho, atores, diretores, cenógrafos, figurinistas, compositores musicais, autores de textos, enfim, um batalhão é formado para se dedicar ao “produto final” que é a peça que chega ao público.

Com o valor pago por sessão (seja cachê fechado ou a divisão em porcentagem pela bilheteria) não se consegue, hoje no Brasil, sem patrocínios, pagar nem a metade da mão de obra artística. Nesse sentido, quando é que se remuneram esses profissionais? No dia das apresentações.

O valor do ingresso no Brasil é muito barato. Conheço uma madame que sempre viaja para o exterior e paga muitos dólares para ver os já enlatados musicais (tipo Brodoaway – exportação) e quando um espetáculo está em cartaz em Ribeirão Preto ela reclama absurdamente do preço da entrada.

E a quantidade de meia, gente??? Professores, estudantes, idosos, deficientes, antecipados, gente da classe teatral... A entrada inteira não existe, concordam?

E agora surgiu a moda do ingresso promocional: custa menos do que a metade... Onde iremos parar?

Não sei qual a forma mais justa para conseguirmos custear quem decidiu dedicar sua carreira ao teatro, mas só sei que estamos longe disso. Sem patrocínios e leis de “incentivo” fica impossível. A platéia não banca o “show” que vê!

Passemos o chapéu...

terça-feira, 10 de maio de 2011

Chuveiro Gelado ou Aqui tá Quente Aqui tá Frio


(por Fausto Ribeiro)

Proponho a leitura em um ritmo e forma não convencional: saltitando, subindo escadas, comendo etc.

Corre! corre!!!

Não vai dar tempo?! Vai dar tempo!

Entra no email! Chegou? Não!

Putz tem ensaio daqui a pouco!

Ligou no Sesc? Só depois das 13h.

Ah... abriu um edital da Funarte. Imprime, vamos ler...

Estão ligando de Araçatuba para uma possível apresentação. Fecha!!!

Alô, alô, contador? Quanto de imposto mesmo? 20%?

Absurdo!!!!
Corre! corre!!!

Não vai dar tempo?! Vai dar tempo!

Vamos, gente, o Correio vai fechar!!!

Escaneia meu RG enquanto ligo no Sbat?

E a faxina no espaço? Amanhã?  Ótimo!(preguiça)

(lembrança do texto para decorar)
O vintém era agora coletivo, mas que vintém mais pobre!
O pão pertencia a todos, mas não saciava ninguém. (Heiner Muller)

                                 Corre corre, não vai dar tempo?! Tem que dar!

Ansiedade, Contradições, burocracia, dengue, fila de banco, computador estragado, boca suja, bosta, filho pra levar na escola, chulé, supermercado caro, sexo prazeroso, autores, vômitos na calçada, catraca de ônibus, cuzão! verme rastejante, insônia, texto incompleto, horários de chegada, dinheiro ZERO, gasolina cara, cabelo nascendo na orelha... ansiedade, ansiedade,
ansiedade.

Vamos ensaiar?

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Fausto Ribeiro é ator de Teatro, integrante do Grupo Engasga Gato e como a maioria de nós, que decidimos viver de teatro, vive na correria!


sábado, 7 de maio de 2011

"O teatro é um meio muito eficaz de educar o público; mas quem faz teatro educativo encontra-se sempre sem público para poder educar." 

(Enrique Jardiel Poncela)

terça-feira, 3 de maio de 2011

Você tem fome de quê?

Ainda me questiono se a obrigatoriedade para o Teatro funcionaria de fato. Acredito mais que o desejo em obter algo impulsiona mais o ser humano. Quando criança eu era obrigado a estudar matemática e hoje só faço contas com uma calculadora. Durante o colegial tinha aulas obrigatórias de biologia e depois do vestibular nunca mais quis saber a composição de uma planta.

Vejo como a mídia de consumo é eficaz, faz com que a maioria da população deseje um bem. Fazem-nos acreditar que cerveja é sinônimo de alegria e consumimos isso com essa crença.

A TV tem sido a grande guia comportamental dos nossos dias... Retomo a ideia de que em todas as escolas existem quadras e um professor que ensina futebol e por isso temos um país que, em sua maioria, tem o hábito de falar sobre, alguns se julgam verdadeiros críticos de futebol com suas análises. Mas vejo a TV impulsionando isso. Temos um jornal específico em cada canal sobre esporte e que fala em 85% de suas matérias sobre futebol. Em todos os jornais televisivos temos uma pauta para esportes, sempre valorizando o futebol. E o que percebemos: estádios cheios, mesmo que seja para incentivar o time para subir da segundona para a primeira e por aí vai, como vemos aqui mesmo em Ribeirão Preto.

Não temos um Globo Cultura, não temos um caderno específico para isso nos grandes jornais... A programação cultural do maior canal brasileiro se restringe ao Vídeo Show, que divulga o que? NOVELAS. Talvez por isso a maioria da população acredita que esse entretenimento seja o mais prazeroso (por certo é mais cômodo).

Que bom seria se o espaço para a divulgação do Teatro fosse maior... Dentro da Folha e do Estadão, na Ilustrada ou no Caderno 2, raramente vemos críticas de espetáculos. Com a falta de divulgação não criamos a necessidade em consumir essa arte.

Quando não temos fome de arte logo consumimos outros aperitivos mais paltáveis na linha fast food.

Já reparou que em algumas propagandas de alimentos são exatamente na hora em que estamos com fome? Aproveitam desse clamor do nosso estômago para atiçarem nossa vontade por aquele tipo de comida que estão vendendo.

Não vendemos bem a nossa arte. Não geramos necessidades artísticas no povo, embora elas sejam vitais...

Você tem fome de quê?

sexta-feira, 29 de abril de 2011

A Puta o Relógio e o Ator

(por Fausto Ribeiro)

“Bem vindos, cavalheiros! As damas que tem dedinhos dos pés livres de calos vão dançar com os senhores.

 –Ah minhas senhoras! Qual de vós irá agora negar-se a dar uma volta pelo salão? Aquela que fizer cú doce, dela direi que tem calos.”

 Toda noite que ELE dizia este trecho do texto de Shakespeare, ela se arrepiava e passando as mãos em seu ante-braço confirmava o eriçar dos pelos. Se controlava para não levantar da poltrona e dizer em alto e bom som que ela não tinha calo nos dedos, pois era super atenciosa  com os pés e cuidava deles desde criancinha. Perdida em seus devaneios mais sinceros somente volta a si quando a platéia aplaudia fervorosamente o fim trágico da peça dos dois jovens apaixonados de Verona.
As luzes acendiam e logo uma movimentação estranha de pessoas iam ao camarim pegar autógrafos com os atores. Ela também queria. Queria ir dizer todas as falas do personagem que ELE interpretava, mas lembrava-se em seguida que tinha que voltar para seu quarto-casa. O último ônibus passaria dentro de alguns instantes.

Amanhecera o dia, Ele em sua casa com um leve amargo na boca, típico de quem toma umas “talangadas de álcool” na noite anterior. Deveras, pois fizera sucesso e os amigos o levaram para beber. Lavou o rosto, e mirando-se no espelho viu dentro de seus olhos sua imagem refletida, sorriu e com uma voz preguiçosa disse “bom dia meu caro”, o telefone tocou…

Na baixada da cidade subindo o mercado municipal o dia já começara em um destes botecos repletos de bêbados amanhecidos e putas encharcadas de maquiagem. Nota-se que estes recintos quase não fecham suas portas devido a alta rotatividade de clientes. Ela, ali no seu nicho sorria e narrava aos ouvintes atentos as falas da peça que assistira na noite anterior. Era um alvoroço só. Enquanto suas amigas comentavam dos capítulos das novelas, comum entre as demais, ela se inflava e sorria trôpega diante do olhares atentos dos seus. Logo sentia-se a primeira dama do puteiro. E era.

Um vendedor ambulante de relógio, destes que andam no centro de cidades, escutava ávido à conversa. Colocou a mão na carteira e nada. O que tinha era para o almoço. Não titubeou, pegou um relógio e ofereceu à primeira dama do puteiro. Seu rosto ficou vermelho. Mesmo com aquele excesso de maquilagem notava-se. Aceitou. As amigas riam enciumadas. Ela colocando o relógio no pulso esquerdo, o que arrepiava, olhou de esguio para o vendedor, sorriu e perguntou se o tal gostaria de ter seu autógrafo. Foram para o seu quarto-casa.
No fim da tarde fora se certificar das horas, o relógio não estava funcionando, riu e dormiu.

Fausto Ribeiro
Ator de Teatro e integrante do Grupo Engasga Gato.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Cadê o público?

Uma aluna de Artes (Teatro para Educadores) disse que as salas de espetáculos estão cada vez mais vazias em virtude dos preços elevados dos ingressos.

Concordo que os valores abusivos podem ser um dos fatores responsáveis pela falta de público. Mas não o único!

O SESC, espalhado por diversas cidades do estado de SP trazem em suas programações espetáculos de alto nível de qualidade com valores baixíssimos ou gratuitos. Mas será que o público quer ver o Teatro ou o tal ator da novela de perto? Com essa consciência a arte perde o lugar para a "tietagem."

Muitas cidades pequenas investem em espetáculos gratuitos para a população (eu mesmo tenho rodado por muitas delas com a Cia BOCCACCIONE) em praças, casas de cultura e salões de clubes e tenho acompanhado a luta por conseguirem público, tendo, muitas vezes, que recorrerem às escolas que liberam, contrariadamente, seus alunos para servirem de plateia.

Diversas questões podemos levantar, mas em nosso país a questão é cultural.

Sabem por que os estádios de futebol vivem cheios?
Porque em todas as escolas temos uma quadra e um professor de educação física que ensina futebol.

Em quantas escolas temos um espaço para o teatro e um professor preparado que ensina essa arte?

domingo, 17 de abril de 2011

Ator que não lê tem que se f...

(tem que se formar...)

Participando de um evento chamado “Prosa de Saberes” organizado pela Oficina Cultural Cândido Portinari, em Ribeirão Preto, com a atriz Graça Berman pude ouvi-la dizer:

- “Estamos cheios de atores que só lêem a cena onde eles aparecem. Não têm a mínima curiosidade de conhecer o texto todo. Sou de uma escola onde deveríamos ler todos os textos daquele autor para compreender sua forma de pensar o mundo, sua estética...”

Concordo em gênero, número e grau! Muitas vezes sou selecionador em testes de aptidão e me deparo com candidatos despreparados que não demonstram o mínimo de conhecimento sobre a cena preparada. Quando os questiono se leram a peça toda, envergonhadamente dizem que não. Pelos menos são sinceros!

Alguns grupos que se dizem profissionais não sabem o que significa a palavra PESQUISA. Não mergulham no tema, não conhecem o autor, não discutem sobre as cenas e os objetivos de cada personagem em relação ao superobjetivo.

Stanislavski deve se revirar no túmulo. Depois de desenvolver um método de estudo e preparação para os atores, ainda hoje há quem não se prepara de forma alguma... o tal ator intuitivo. Intuição de que? Se ainda tivesse um belo repertório de vida, se lesse, fosse ao teatro, exposições, se contemplasse a boa música.

Há quem diga que Stanislavski está ultrapassado. Mas ultrapassado por quem? Por alguém que nem saiu da linha de partida?

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Teatro Didático - ah, que coisa chata!

Vale pensar que, quando usamos a fantasia, a metáfora, para explicar a nossa vida tudo se torna mais poético e divertido. Muitas vezes as peças de teatro são mais interessantes aos professores, que utilizam esse recurso para darem suas aulas com lições didáticas, do que para os alunos, que querem "fugir da realidade".

Permitir ao aluno essa fuga da realidade é uma função que arte deve estar atenta. Sabemos que quanto mais artística se torna a visão sobre o mundo mais consciência sobre esse mesmo mundo nós tomamos.
Além disso não podemos nos esquecer que as aulas de teatro existem para que os alunos possam se expressar livremente, para que eles criem suas histórias e não se tornem meramente reprodutores de marcações e de textos.

Estamos permitindo aos nossos alunos que eles possam mostrar a que vieram? Damos espaços para que eles "tomem partido"? Incentivamos o mergulho no mundo da imaginação, da criação?
Espontaneidade, é isso que o Teatro na Sala de Aula deve buscar. Os recursos didáticos até que podem, e devem, ser utilizados, como a dramatização de conceitos referentes às disciplinas, mas prefiro que a arte preste o serviço de sensibilizar com poesia e desenvolver o olhar crítico desse ser humano em transformação!

domingo, 10 de abril de 2011

Reflitam comigo...

A arte da representação ou Teatro é algo tão antigo quanto a própria humanidade. Os estudiosos sobre o assunto não tem um consenso a respeito do surgimento do teatro, mas há algumas idéias a respeito disso. A expressão de sentimentos, bem como a comunicação podem ter sido a mola propulsora da invenção do Teatro.

Nossos antepassados, conhecidos como “homens pré-históricos”, já praticavam ritos em que faziam representações cênicas com função mágica e narrativa. Utilizavam-se de elementos musicais, movimentos corporais e pinturas. Desta forma, o Teatro surgiu com o próprio homem, assim como a dança, a música e a pintura, usadas em seus rituais para a caça, em louvor aos deuses e para contar histórias.

Já nessa época, utilizava-se o artifício de fingir ser outro indivíduo ou outra pessoa, que vivia outra vida e agia apresentando acontecimentos que faziam parte do seu cotidiano. Num ambiente perigoso e desconhecido, abrigando-se em cavernas, nossos parentes distantes reuniam-se ao redor de uma fogueira, no fim de um dia difícil, contando suas aventuras numa terra hostil. E sabe como é, uma história puxa a outra, e vai surgindo a necessidade de mostrar como se agiu em determinado momento e como tal pessoa ou animal agiu em outro. Pronto! Já está caracterizado o fenômeno teatral, pois o teatro existe quando há:

ATOR - TEXTO - ESPECTADOR

E pra você?

terça-feira, 5 de abril de 2011

Melodrama

(por Jonas Villar)

Viver de Teatro...

Esta frase soa mais como um suspiro do que uma pergunta, mas para muitos a resposta vem sem pestanejar: SIM, É POSSÍVEL!

Agora, se vale à pena ou não? Essa é outra questão.

Aos 12 anos optei pelo campo das Artes e desde lá nunca tive nenhuma crise vocacional – àquelas que todos têm no colegial ou cursinho que nos levam a picos emocionais equivalentes ao auge de uma TPM (acho?)– e quando tudo estava resolvido e eu com meus 20 anos de idade e no segundo ano da faculdade... Crise!

Conversei com meus pais, amigos, namorada, pró-reitoria e tudo mais o que poderia consultar para mudar de graduação. Tentei transferir para o curso de Direito e de duas vagas ociosas fiquei em terceiro. Mais frustração.

Não queria mais essa vida improvável de artista, sem valorização, campo restrito e estava decido que sairia da faculdade de qualquer maneira. E como todo jovem bem resolvido sobre sua condição pessoal, mudei de opinião.

Formei em Artes Cênicas pela Universidade Federal de Ouro Preto e em agosto de 2010 me tornei estatística do IBGE tendo que procurar outras formas empregatícias para me sustentar. Venho há alguns meses entre idas e vindas, propostas, projetos e desistências, mas me sinto feliz por viver em Teatro.

Talvez essa seja a questão: Viver de ou em Teatro?

Claro que sempre há uma exceção à regra, mas viver de Teatro realmente é muito difícil, requer um tempo de carreira, uma boa equipe, alguns prêmios e visibilidade para que as pessoas consigam ver em sua Arte algo que lhes valha a pena e daí por diante é que vem o retorno financeiro. Diferentemente é viver em Teatro, para estar em/no Teatro é necessário paixão, dedicação que transcende assinalar ou não a opção correta no ato do vestibular. É preciso Amar esta profissão para estar nela, pois o retorno pra nós é muito mais demorado e sofrível do que para as outras pessoas.

Sofremos a indiferença alheia, dançamos pra sobreviver, cantamos pra viver e quando apagam nossas luzes buscamos outro refletor e iniciamos outra fábula ainda mais mágica que a anterior. E quando nos cansamos deste melodrama real é a magia de poder se reinventar no Teatro que nos dá forças para continuar na vida.

Não sei se vale à pena viver de Teatro, ele ainda não me sustenta e, portanto não consigo responder a esta pergunta. Hoje o que posso dizer para todos vocês é que apenas passei pelo prólogo de minha vida, ainda tenho todos os episódios para desenvolver até chegar ao meu epílogo, mas para isso estou correndo atrás, me esforçando e sendo feliz por Viver em Teatro.



Jonas Villar é bacharel em Direção Teatral pela Universidade Federal de Ouro Preto

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Quero apenas trabalhar como ator!

Um querido aluno foi assistir a uma peça de teatro e, ao final, no debate, uma pessoa perguntou:
- Como vocês fazem para sobreviver nesta área?
Entre alguns exemplos o ator reforçou:
- Damos aulas para nos manter com um salário fixo.
Meu aluno voltou para casa mais intrigado com essa colocação do que refletindo sobre a peça. Ora, ele já foi professor e não se identificou. Não professor de teatro, mas professor de Geografia.
Encucado com a questão diretamente ele me procurou no facebook, abriu a janelinha do bate-papo e desabafou comigo sua insegurança acerca do mercado de trabalho.

Claro que o ator foi extremamente honesto. Esse ator, eu e milhares de colegas de profissão buscamos essa segurança financeira nas inúmeras aulas, oficinas, workshops... Mas não é o único meio. Percebemos claramente a realidade de Ribeirão Preto se transformando nos últimos anos. Com diversos profissionais formados pelo curso Técnico e pela Graduação a cidade percebe a demanda por uma abertura de espaços na área teatral. O SESC se transformou num grande parceiro, investindo em contações de Histórias, Leituras Dramáticas, incentivando novas montagens e fomentando o projeto de Itinerância pelas escolas Municipais.

Além disso existe uma vida Teatral imensa fora de nossa cidade. Além do eixo Rio-SP podemos buscar vínculos em cursos específicos que algumas companhias oferecem e, se perceberem a identificação desse ator com a linguagem desenvolvida pelo grupo, certamente essa união poderá gerar frutos.

Em vários outros “posts” aqui neste BLOG discorri sobre assuntos ligados ao marketing pessoal, o compromisso com a ética, a realização de um trabalho de qualidade e o vínculo com pessoas pesquisadoras das Artes Cênicas.

Talento, dedicação, muito estudo e ralação com uma dose de sorte são os ingredientes para uma carreira de sucesso!

Merd®a!

quarta-feira, 30 de março de 2011

Viver é Teatro

(por Mauro Cezar Rodrigues)

Desde a primeira vez que fui assistir a uma peça teatral infantil, na minha distante infância, senti uma atração e um respeito inomináveis pelo Teatro. A magia das luzes, os sinais de som, as personagens, o apagar das luzes, os atores e os aplausos, faziam-me e ainda fazem-me sentir uma emoção arrepiante.


Queria viver aquele e daquele “mundo”. Um mundo, alicerçado no corpo. Corpo este, inexistente sem a alma, que sempre tem algo a transmitir e a capacidade de transformar.

O Teatro é a fonte da mensagem verbal: a vontade, a sensibilidade, a palavra, a racionalidade... E da não verbal: a respiração, o olhar, o corpo, o lúdico...

Somos os protagonistas de nossas vidas e podemos observá-las com o olhar do Teatro, da arte. Quando sentimos fortes emoções, principalmente quando amamos ou nos apaixonamos, a nossa percepção de vida é lírica, passamos a narrar nossa vida em poesia.

Já no nosso dia-a-dia, a vida pode ser sentida e “vivida” no gênero épico - Uma narrativa que começa no dia em que tomamos consciência de nossa existência, fundindo-se entre atos, num conto ou numa crônica com fatos comuns e incomuns, inerentes à simplicidade e à complexidade de viver e conviver.

Emoções fortes, intrigas, perdas e decepções com ingredientes de alegria, tristeza, encantos, desencantos e fé. A vida imita a arte ou a arte licencia a vida? Outra confluência, agora sob o prisma do gênero dramático, recheado de elementos da tragédia, da comédia, do drama e até de um auto.

No momento em que fui convidado a escrever essas linhas, pude perceber um subgênero, o ensaístico.

Se Shakespeare escreveu: “Pois o objetivo do teatro, a princípio e agora, foi e é oferecer uma espécie de espelho à natureza, mostrar à virtude os seus próprios traços, à derrisão a sua exata efígie, à sociedade a verdadeira imagem do seu tempo...”, ratifica-se a observação de que a vida é uma peça de Teatro que se encena todos os dias.


Contudo, “o viver de Teatro” é um pouco mais complexo. Num país de políticas educacionais e culturais que beiram o amadorismo, a falta de fiscalização - principalmente fora do eixo Rio - São Paulo - e o desmazelo de outrem com manifestações “artísticas gratuitas e sem sentido”, faz com que muitos não consigam ganhar seu pão apenas com ofício teatral. Sem contar o preconceito que em pleno século XXI é inerente a qualquer atividade artística.

Fica clara a percepção de que “o viver de Teatro” passa pela transmissão de seriedade e pela transformação da visão e atitude de seus participes. Nada mais do que respeito e comprometimento.



Mauro Cezar Rodrigues é ator, locutor, jornalista e professor na área social e de comunicação.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Trabalho chama Trabalho

É difícil viver de Teatro? Não sei... Às vezes me parece que sim, que nossos cachês não são tão altos, que as leis de incentivo só incentivam quem já tem “nome”, que nossa arte é considerada supérflua ou complexa demais para a sociedade atual. Mas não posso reclamar dessa dureza.
Venho engatando um trabalho atrás do outro desde que iniciei nessa profissão. As portas vão se abrindo, os colegas indicando e o constante aperfeiçoamento e o empreendedorismo vêm ajudando a me consolidar nessa área.

Penso que nós, homens (e mulheres) de teatro somos responsáveis pelo nosso próprio marketing. “QUEM NÃO É VISTO NÃO É LEMBRADO”. Essa máxima da publicidade também se aplica a nós! Freqüentar os teatros, participar de oficinas, mesas redondas, palestras... Nunca paramos. Estamos em constante aprendizado.

Por isso acredito muito que realizando bons trabalhos, com seriedade, ética, honestidade na proposta artística, comprometimento com a estética, apresentando o resultado de uma pesquisa dá credibilidade e nos revela como pessoas envolvidas com a ARTE e não com caprichos e cagadas (embora sempre desejamos “merda” não é por isso que vamos realizar nosso trabalho com esse fedor).

Naquela platéia estranha, ao seu lado na sala de aula, lendo o que você posta nas redes sociais, vendo a matéria que saiu sobre seu trabalho no jornal, enfim, nesses lugares e em tantos outros pode estar aquela pessoa que será o seu passaporte para o mercado de trabalho. É bem pertinho da gente que se encontra as molas propulsoras para o nosso crescimento profissional, principalmente nessa linda área do teatro.

“Só se ama aquilo que se conhece”.

A Sala de Aula é um espaço adequado para o Teatro?

Muitos professores têm pedido para que eu poste alguns temas relacionados ao Teatro na Sala de Aula. Acreditando que essa forma de expressão das Artes Dramáticas pode preparar o aluno da escola comum (entenda aqui a escola que não é específica para um curso de Teatro) resolvi colaborar neste sentido.

Em primeiro lugar: fazer Teatro não é “montar pecinha”. Aliás, não há termo mais pejorativo com a nossa arte do que esse. Nosso trabalho é muito grande para se chamar de “pecinha”.

O aluno deve ser inserido com sutileza aos Jogos Teatrais, tranquilamente que quando ele se der conta já estará participando com os demais alunos e tão envolvido estará que sempre desejará participar.

O professor deve respeitá-lo, deixá-lo à vontade na sala e preparar suas atividades com segurança e conhecimento de causa, para que seus olhos revelem o conteúdo que será transmitido.

Uma dica valiosa é organizar a sala de aula, que muitas vezes não está preparada para a atividade teatral. Não precisamos de um teatro para que nossas aulas se realizem em plenitude. Se esperarmos a sala ideal, a escola ideal, o aluno ideal NÃO SEREMOS OS PROFESSORES IDEAIS. Nossa capacidade de criatividade é muito grande para apenas reclamarmos dos problemas encontrados. É preciso que a sala esteja limpa e que afastem as carteiras para obter mais espaço e evitar que um aluno se machuque. Uma sugestão é convidar os alunos a participarem deste momento, orientando que façam essa ação com cuidado, silêncio e organização (isso já pode ser considerado um jogo dramático?).

Não se esqueçam das roupas adequadas: tecidos leves, vestimentas que possibilitem os movimentos. Evitar calças jeans e saias apenas com shorts por baixo! Ah... um pezinho cheiroso e as axilas com desodorante evitam desmaios (risos).

Durante um bom tempo o professor deve preparar suas aulas com:
  • Aquecimento Corporal
  • Aquecimento Vocal
  • Jogos Dramáticos

Preparando o corpo: conhecendo o próprio corpo e seus limites o aluno perceberá a presença do corpo do outro. Aquecer as articulações, promover espreguiçamentos (alongamentos) e deixar o corpo em estado de prontidão trará um rendimento efetivo nas aulas.

Preparando a voz: o professor e o ator, entre outros, são profissionais da voz. Aproveite esse tempo com os alunos e aqueça sua voz, juntamente com eles, para evitar danos e melhorar o rendimento vocal. Conhecendo bem a voz o aluno poderá utilizá-la de várias formas. Vibração de lábios (imitando carrinho) alternando em graves e agudos além de divertido é muito eficaz.

Vamos aos jogos...
 É um momento divertido de espontaneidade. O aluno só precisará ter vontade de se lançar ao desconhecido. É o momento de o aluno criar e do professor orientar. Não mostramos o COMO, apenas provocamos com a problemática uma situação que o aluno deverá resolver.

E aí? Vamos Jogar?