Total de visualizações de página


Esse blog é um espaço para a reflexão de como podemos fazer para Viver de Teatro.
É possível? Vale a pena?
Espero que meus relatos e os comentários postados aqui por vocês possam servir de debate nessa discussão.



sábado, 27 de março de 2010

Faculdade de Artes Cênicas

Em agosto de 1998, ainda com 17 anos, comecei a cursar a faculdade de Artes Cênicas do Centro Universitário Barão de Mauá. Fiz parte da primeira turma. Escrevemos na história de Ribeirão Preto a implantação desse curso Universitário. Isso a duras penas.

Sem um espaço físico adequado, pois a reitoria não compreendia as necessidades técnicas para se implantar um curso como esse (e até hoje não sabe como lidar com a arte dentro de uma universidade), mas com uma equipe de profissionais de primeira linha comecei a mergulhar dentro de um estudo sistematizado, profundo e complexo da arte teatral.

Sentia-me pequeno, nada sabia de métodos e teorias. Os nomes dos principais encenadores da história do teatro soavam estranhos para mim. Os períodos da literatura dramática eram revelados como um grande mistério a ser desvendado. Tudo foi inédito! Saía de Cajuru, de segunda à sexta, no ônibus de estudantes, às 18h e só retornava em casa às 23h45, mas não havia cansaço que tirasse meu estímulo, minha ânsia e meu desejo de fazer esse curso.

Alguns professores se tornaram excelentes mestres. Pessoas que nunca esquecerei e que influenciaram em todo meu conhecimento e senso crítico, formando, realmente, cada etapa de minha pesquisa acadêmica. Como se esquecer de Amilton Monteiro, Roberto Vignati, Vicente Tutto Il Mondo, Adriana Balieiro, Claudinha, Sandra Corradini, Zé Maurício, Débora Vendramini e tantos outros que alimentaram em mim a chama do artista que sou.

Em 2002, em meio a lágrimas de saudade de toda a história que cada canto daquela sede, situada na Praça 7 de setembro, me trazia, da expectativa do mundo novo e desconhecido que viria e da vontade de continuar ao lado dos valiosos amigos, me despedi da vida estudantil e iniciei a carreira profissional como ATOR!

Saudade... Essa é a palavra que define aquele tempo de inocência. Saudade de Carol Veloni e seu jeito de mãe que me hospedava sempre em sua casa nos trabalhos de final de semana, saudade de Samantha Calsani, amiga íntima que estará para sempre em meu coração, de Juliana Prandini com seu jeito meigo e determinado, de Ronaldo Anelli que parecia ter vinvo ao mundo para fazer teatro, do Ítalo Sartori e Nim Casaroti que alegravam qualquer ambiente que estavam, da Selma de Lourdes, cara fechada, que se abriu depois de muito tempo em um sorriso meigo, Viviane Feitosa, Marli Vera e Rodrigo, pessoas generosas e Marina Reiff sempre impaciente com o curso, mas com uma doçura encantadora.

Posso dizer que só tive a ganhar fazendo esse curso. Seja em conhecimento, experiência de vida ou amizades profundas, ter feito o tão sonhado curso de Artes Cênicas foi a porta aberta para o mundo que estou hoje!

“Quando uma porta se fecha outra logo se abre”
(trecho de Aids Nós, de Roberto Vignati)

terça-feira, 23 de março de 2010

Minha Vida na Arte

Acendendo a Chama

Ainda muito pequeno, no interior de São Paulo, no porão de uma casa antiga, construída em 1903, na Cidade de Cajuru, comecei a criar histórias, personagens e assim iniciei minha vida na arte. Não tem porque desprezar toda essa experiência mágica, nem porque menosprezar a iniciação na teatralidade por causa de tão pouca idade. Dessa forma, reunindo os amigos que moravam por perto, com uma caixa de bicicleta pintada e recortada em pequenas janelas, com fantoches nas mãos e a trilha executada em uma pequena “sonata” comecei, sem consciência alguma, a mergulhar nessa arte que se tornaria a minha vida.
Com 13 anos, quando todos os meus primos, na noite de Natal, ganhavam brinquedos como presentes eu me alegrava em receber um livro com cinco peças da Maria Clara Machado. Naquelas férias eu me deliciei na rede lendo e imaginando aquelas histórias. Como eu queria atuar. Cada vez mais forte essa vocação gritava em meu peito.
Na escola, a professora de português, dona Leninha, propôs que montássemos uma peça. Escolhi o texto “História do País dos Avessos” de Edson Gabriel Garcia. Assumi o papel de ator, interpretando o Rei Linguão, diretor, cuidando das marcações dos colegas de classe, que sem entender contribuíam com minha loucura e se divertiam com isso, cenógrafo, usando a cadeira de balanço da minha avó e figurinista, vestindo o roupão de banho azul do meu pai.
Segui fazendo teatro na escola e quando me perguntavam o que eu gostaria de ser, quando crescesse, eu, sem titubear, logo respondia: ATOR!
Sonhos de uma infância bonita e intensa...

Ateando Fogo

É interessante perceber como sempre aliei minha vontade de representar com as atividades que desempenhava. Tive um grande amigo, Daniel, que possuía uma câmera. Usávamos minha casa como locação. Eu criava os roteiros, outros amigos participavam, o Daniel filmava e, logo, estava pronto uma dezena de filmes caseiros. Divertíamos-nos demais com isso.
Além do meio escolar fiz teatro na semana de jogos da cidade, jogos interclubes e na igreja. Gente, como eu contei, através do Teatro, a vida dos Santos! Foram momentos intensos, mas eu queria mais. Queria ir além.
Chegou, então, o vestibular. Algumas pessoas diziam que eu deveria cursar alguma faculdade que rendesse dinheiro, mas eu queria Artes Cênicas. E num dia de copa do mundo, enquanto todo mundo comemorava a vitória do Brasil, em julho de 1998 eu comemorava a minha entrada na faculdade de Artes Cênicas.
Foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida...