Sem um espaço físico adequado, pois a reitoria não compreendia as necessidades técnicas para se implantar um curso como esse (e até hoje não sabe como lidar com a arte dentro de uma universidade), mas com uma equipe de profissionais de primeira linha comecei a mergulhar dentro de um estudo sistematizado, profundo e complexo da arte teatral.
Sentia-me pequeno, nada sabia de métodos e teorias. Os nomes dos principais encenadores da história do teatro soavam estranhos para mim. Os períodos da literatura dramática eram revelados como um grande mistério a ser desvendado. Tudo foi inédito! Saía de Cajuru, de segunda à sexta, no ônibus de estudantes, às 18h e só retornava em casa às 23h45, mas não havia cansaço que tirasse meu estímulo, minha ânsia e meu desejo de fazer esse curso.
Alguns professores se tornaram excelentes mestres. Pessoas que nunca esquecerei e que influenciaram em todo meu conhecimento e senso crítico, formando, realmente, cada etapa de minha pesquisa acadêmica. Como se esquecer de Amilton Monteiro, Roberto Vignati, Vicente Tutto Il Mondo, Adriana Balieiro, Claudinha, Sandra Corradini, Zé Maurício, Débora Vendramini e tantos outros que alimentaram em mim a chama do artista que sou.
Em 2002, em meio a lágrimas de saudade de toda a história que cada canto daquela sede, situada na Praça 7 de setembro, me trazia, da expectativa do mundo novo e desconhecido que viria e da vontade de continuar ao lado dos valiosos amigos, me despedi da vida estudantil e iniciei a carreira profissional como ATOR!
Saudade... Essa é a palavra que define aquele tempo de inocência. Saudade de Carol Veloni e seu jeito de mãe que me hospedava sempre em sua casa nos trabalhos de final de semana, saudade de Samantha Calsani, amiga íntima que estará para sempre em meu coração, de Juliana Prandini com seu jeito meigo e determinado, de Ronaldo Anelli que parecia ter vinvo ao mundo para fazer teatro, do Ítalo Sartori e Nim Casaroti que alegravam qualquer ambiente que estavam, da Selma de Lourdes, cara fechada, que se abriu depois de muito tempo em um sorriso meigo, Viviane Feitosa, Marli Vera e Rodrigo, pessoas generosas e Marina Reiff sempre impaciente com o curso, mas com uma doçura encantadora.
Posso dizer que só tive a ganhar fazendo esse curso. Seja em conhecimento, experiência de vida ou amizades profundas, ter feito o tão sonhado curso de Artes Cênicas foi a porta aberta para o mundo que estou hoje!
“Quando uma porta se fecha outra logo se abre”
(trecho de Aids Nós, de Roberto Vignati)