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Esse blog é um espaço para a reflexão de como podemos fazer para Viver de Teatro.
É possível? Vale a pena?
Espero que meus relatos e os comentários postados aqui por vocês possam servir de debate nessa discussão.



quarta-feira, 28 de julho de 2010

Sem fôlego para viver de teatro

Sim! Fiquei longe do blog por alguns dias.


Graças a Deus está acontecendo comigo algo que nós, artistas, almejamos. Meu grupo de Teatro conseguiu uma excelente produtora que tem vendido muito bem nossas peças. Não é porque sou o diretor, mas estamos realizando um bom trabalho. A cada dia nos aventuramos na descoberta de uma linguagem, nossos trabalhos são frutos de pesquisas e por onde temos passado temos também deixado marcas positivas.

Fizemos uma temporada maravilhosa em São José do Rio Preto. Levamos dois espetáculos infantis (O Pássaro das Mil Cores e O Flautista de Hamelin) e um adulto (A Igreja do Diabo) para o Sesc. Além disso, fizemos uma itinerância através do Sesc de Ribeirão Preto por escolas municipais de educação infantil com Lili do Rio Roncador, texto adaptado da obra de Lucílica Junqueira de Almeida Prado no projeto Tirando de Letra. E, pra coroar essa boa fase de vendas, nos apresentamos na 10ª Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto o projeto Histórias para Cantar, uma mistura de Teatro, Música e Contação de Histórias inspirado na obra de Ziraldo. Ainda participamos do Festival de Teatro de Guaíra com apresentações e oficinas e encerramos o mês em minha cidade Natal, Cajuru, onde não me apresentava há 6 anos.

Estamos também a todo vapor trabalhando na montagem de rua com o texto Ubu Rei. Convidamos Tânia Alonso para nos dirigir e isso tem consumido boa parte de nosso tempo na pesquisa corporal que o trabalho exige para a realização do espetáculo.

Em breve vou escrever aqui sobre essa experiência!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Cia Teatral Boccaccione

Em 2005 dirigi na ONG Ribeirão em Cena a peça FAUSTINO, UM FAUSTO NORDESTINO, texto de Eliane Ganem. Os atores deram dinheiro do próprio bolso para comprarmos o cenário e os figurinos. Foi um sucesso! Levamos um público que aquele lugar nunca tinha visto. Empolgados com isso conseguimos pequenos apoiadores, a liberação do texto pela autora e fizemos uma breve temporada no pequeno espaço cênico Débora Duboc.


Os alunos, empolgados, me convidaram para realizarmos um núcleo de pesquisas em cultura popular. Eu estava muito interessado nessa linha de pesquisa e aceitei sem hesitar. Propus ao coordenador a realização dentro da ONG desse núcleo e ele não aprovou dizendo ainda que a peça Faustino era do Ribeirão em Cena, por ter sido realizada utilizando o professor e espaço físico da ONG. Resolvemos realizar as reuniões do núcleo de pesquisas em Cultura Popular Brasileira na casa de um dos integrantes, cientes que deveríamos criar um novo trabalho.

Na busca por um nome fizemos uma lista, colocamos no Orkut e saímos procurando se já existiam grupos com os nomes selecionados. Como a vontade de falar o que quiséssemos era grande mas não podíamos por estarmos reféns de situações que nos oprimem a personagem Boccaccione com sua máscara de boca imensa de alguma forma nos sensibilizou. Batizamos o grupo de Companhia Teatral Boccaccione.

Nesse meio tempo houve a falha trágica. Um ator inscreveu a peça Faustino num festival de teatro como Boccaccione, sendo que o combinado era colocar Ribeirão em Cena. Nesse momento toda a cólera caiu sobre nós. Fomos expulsos da ONG, o ator que fez a inscrição, com seus 60 anos foi humilhado e nossas desculpas não foram aceitas. Erramos sim, mas era um erro passível de correção. Não quiseram explicações.

Dizem que o Boccaccione nasceu do Ribeirão em Cena, eu digo que não. Foi preciso que o grupo morresse no Ribeirão em Cena para que ele nascesse para uma vida nova. Após a briga toda o grupo se desfez, muitos atores não quiseram mais continuar e por isso fomos agregando outras pessoas que foram colaborando para reestruturar. O desejo de fazer arte foi maior que o medo e que o desânimo causado pela punição. Onde iríamos ensaiar? Onde iríamos nos apresentar?

Do grupo inicial restou o Michel e a Nathália. Logo em seguida vieram Marcelo, Lilian e Naná. Somado a esse elenco tínhamos pessoas especiais como Aline e Edircéia. Escolhemos um novo trabalho e fomos desenvolver a pesquisa do teatro de Rua. Com o Velho da Horta de Gil Vicente, em Setembro de 2006, na feira do Livro, a convite da querida Tereca Corbani, estreamos a Companhia Teatral Boccaccione. Nossa linguagem, nossa essência, vêm desse desejo de fazer teatro, dessa ressurreição que se levanta depois de ser esfacelada. Hoje, fazem parte desse grupo Milton e Karol, ainda passaram deixando suas marcas eternas e contribuindo para a linguagem do grupo Tiago, Jéssica e Fábio.

A vida me deu a oportunidade de fazer parte de um grupo de teatro tão talentoso. No início, trabalhando apenas como diretor, por ser o mais experiente do grupo e afinando nossa estética teatral que se aprimora a cada espetáculo, hoje, atuando junto com todos e realizando plenamente minha vocação.

sábado, 10 de julho de 2010

Cia Cornucópia em minha vida

Ser ator é algo complicadíssimo. Para se jogar de corpo e alma nessa profissão é preciso muita PAIXÃO. Amar loucamente e sofrer por esse amor. Muitas vezes o cachê é baixo e as pessoas acreditam que sua realização profissional está ligada em aparecer na TV Globo. Muitos amigos dizem: “quando você estiver no Faustão...”


Ser ator é muito mais que isso. É a profissão que escolhi para a minha vida. É minha vocação. Por isso, evito entrar em trabalhos que não acredito. Passei a maior parte da minha carreira profissional como professor por faltar um bom convite como ator.

Dentre os trabalhos que fiz vou me ater a citar alguns, poucos, mas importantes. Em Cajuru, enquanto trabalhava como professor de Teatro na Casa da Cultura fui convidado pelo diretor Dino Bernardi, grande influência, para atuar em alguns trabalhos. Foi um período de muito crescimento. Além da exigência dele como diretor havia a minha para responder aos estímulos que ele me dava.

Em 2006 fui convidado por Dino Bernardi para integrar a Cia Cornucópia. Realizamos algumas reuniões e formamos um elenco muito bom. Ao meu lado estavam pessoas que eu admirava muito: André Cruz, Tânia Alonso, Renata Martelli, Karina Gianecchini. Logo no início de nossa pesquisa com o espetáculo não concretizado KRATZ fomos convidados pela prefeitura de Ribeirão Preto para montar um espetáculo para a Feira do Livro. Chamamos o Fabricinho, Juliano e minha ex-aluna Dani e fizemos A HISTÓRIA DO AMOR DE ROMEU E JULIETA de Ariano Suassuna.

Foi um sucesso a montagem. Pela primeira vez tive a sensação de estar no caminho certo do crescimento profissional. Diversas apresentações, excelente crítica no Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto, participações extremamente positivas em vários festivais e, finalmente, apresentações na Capital de São Paulo. Bons cachês e o êxito no trabalho não impediram que o elenco fosse se desfazendo. Um pouco em busca de uma linguagem mais autônoma, outros por discordarem da estrutura do grupo, enfim, cada um com seu motivo.

Hoje sou um admirador da Cia Cornucópia, por quem tenho um imenso carinho. Fico muito feliz quando vejo o querido diretor Dino Bernardi colocando no palco o enorme talento que tem e principalmente em investir em atores que estão no começo de suas carreiras, exigindo e tirando deles o melhor, lapidando cada jóia para que o brilho deslumbre a todos que apreciam um verdadeiro teatro.

Professor Universitário

Graças a Pós-Graduação que fiz em 2006 na Universidade de Franca somada à experiência de alguns anos como professor fui convidado para ministrar aulas no Centro Universitário Claretiano de Batatais.

Comecei como professor no curso de Artes, depois, dei aulas para os alunos de Letras, Educação Física e Pedagogia na disciplina Teatro para Educadores. Hoje faço parte, também, da tutoria no sistema de Educação à distância.

As aulas consistem em preparar esse futuro educador para o desenvolvimento do teatro em sala de aula. A tarefa mais complexa é mostrar que o Teatro é muito mais do que montar uma “pecinha” em datas comemorativas. Teatro é Jogo! Procuro mostrar aos alunos a maravilhosa experiência de implantar os jogos teatrais que libertam a expressão criativa dos alunos. De Viola Spolin a Boal. Quando um aluno vivencia essa experiência fantástica da improvisação de cenas, montar a peça se torna o resultado final de um estudo aprofundado do fazer teatral. O espetáculo deve ser sempre conseqüência, nunca a meta.

Fico muito feliz em contribuir para uma renovação na forma de introduzir o teatro na vida dos futuros expectadores. Se desejamos ter uma população que freqüenta teatro é importante que construamos uma base sólida.

Todas as escolas públicas têm uma quadra poliesportiva. Raramente encontramos uma escola com um teatro para as artes cênicas. Essa constatação simples nos prova o porquê somos o país do futebol e não do teatro. Acredito que com uma verdadeira EDUCAÇÃO ARTÍSTICA vamos conseguir um público com visão crítica, senso estético e que buscarão por bons espetáculos.