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Esse blog é um espaço para a reflexão de como podemos fazer para Viver de Teatro.
É possível? Vale a pena?
Espero que meus relatos e os comentários postados aqui por vocês possam servir de debate nessa discussão.



sexta-feira, 27 de maio de 2011

CORRE-CORRE

Blog, aulas, oficinas, contações de histórias, apresentações, festivais, projetos sendo formatados, pesquisas para direções...

Corre-corre doido da vida de um artista que está vivendo de teatro sem pausa para o café. Tem dias que esqueço até de fazer xixi.

Voltamos do festival de Quatis (Rio de Janeiro) e já corremos para deixar tudo pronto para outro festival, em Paraguaçu Paulista.

Experiências sobre todas essas vivências vou relatando por aqui com o tempo!

Abraços a todos...

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Quanto vale o show?


Uma peça de teatro, para ser levada aos palcos (ou às ruas), precisa de um imenso investimento. Durante meses de trabalho, atores, diretores, cenógrafos, figurinistas, compositores musicais, autores de textos, enfim, um batalhão é formado para se dedicar ao “produto final” que é a peça que chega ao público.

Com o valor pago por sessão (seja cachê fechado ou a divisão em porcentagem pela bilheteria) não se consegue, hoje no Brasil, sem patrocínios, pagar nem a metade da mão de obra artística. Nesse sentido, quando é que se remuneram esses profissionais? No dia das apresentações.

O valor do ingresso no Brasil é muito barato. Conheço uma madame que sempre viaja para o exterior e paga muitos dólares para ver os já enlatados musicais (tipo Brodoaway – exportação) e quando um espetáculo está em cartaz em Ribeirão Preto ela reclama absurdamente do preço da entrada.

E a quantidade de meia, gente??? Professores, estudantes, idosos, deficientes, antecipados, gente da classe teatral... A entrada inteira não existe, concordam?

E agora surgiu a moda do ingresso promocional: custa menos do que a metade... Onde iremos parar?

Não sei qual a forma mais justa para conseguirmos custear quem decidiu dedicar sua carreira ao teatro, mas só sei que estamos longe disso. Sem patrocínios e leis de “incentivo” fica impossível. A platéia não banca o “show” que vê!

Passemos o chapéu...

terça-feira, 10 de maio de 2011

Chuveiro Gelado ou Aqui tá Quente Aqui tá Frio


(por Fausto Ribeiro)

Proponho a leitura em um ritmo e forma não convencional: saltitando, subindo escadas, comendo etc.

Corre! corre!!!

Não vai dar tempo?! Vai dar tempo!

Entra no email! Chegou? Não!

Putz tem ensaio daqui a pouco!

Ligou no Sesc? Só depois das 13h.

Ah... abriu um edital da Funarte. Imprime, vamos ler...

Estão ligando de Araçatuba para uma possível apresentação. Fecha!!!

Alô, alô, contador? Quanto de imposto mesmo? 20%?

Absurdo!!!!
Corre! corre!!!

Não vai dar tempo?! Vai dar tempo!

Vamos, gente, o Correio vai fechar!!!

Escaneia meu RG enquanto ligo no Sbat?

E a faxina no espaço? Amanhã?  Ótimo!(preguiça)

(lembrança do texto para decorar)
O vintém era agora coletivo, mas que vintém mais pobre!
O pão pertencia a todos, mas não saciava ninguém. (Heiner Muller)

                                 Corre corre, não vai dar tempo?! Tem que dar!

Ansiedade, Contradições, burocracia, dengue, fila de banco, computador estragado, boca suja, bosta, filho pra levar na escola, chulé, supermercado caro, sexo prazeroso, autores, vômitos na calçada, catraca de ônibus, cuzão! verme rastejante, insônia, texto incompleto, horários de chegada, dinheiro ZERO, gasolina cara, cabelo nascendo na orelha... ansiedade, ansiedade,
ansiedade.

Vamos ensaiar?

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Fausto Ribeiro é ator de Teatro, integrante do Grupo Engasga Gato e como a maioria de nós, que decidimos viver de teatro, vive na correria!


sábado, 7 de maio de 2011

"O teatro é um meio muito eficaz de educar o público; mas quem faz teatro educativo encontra-se sempre sem público para poder educar." 

(Enrique Jardiel Poncela)

terça-feira, 3 de maio de 2011

Você tem fome de quê?

Ainda me questiono se a obrigatoriedade para o Teatro funcionaria de fato. Acredito mais que o desejo em obter algo impulsiona mais o ser humano. Quando criança eu era obrigado a estudar matemática e hoje só faço contas com uma calculadora. Durante o colegial tinha aulas obrigatórias de biologia e depois do vestibular nunca mais quis saber a composição de uma planta.

Vejo como a mídia de consumo é eficaz, faz com que a maioria da população deseje um bem. Fazem-nos acreditar que cerveja é sinônimo de alegria e consumimos isso com essa crença.

A TV tem sido a grande guia comportamental dos nossos dias... Retomo a ideia de que em todas as escolas existem quadras e um professor que ensina futebol e por isso temos um país que, em sua maioria, tem o hábito de falar sobre, alguns se julgam verdadeiros críticos de futebol com suas análises. Mas vejo a TV impulsionando isso. Temos um jornal específico em cada canal sobre esporte e que fala em 85% de suas matérias sobre futebol. Em todos os jornais televisivos temos uma pauta para esportes, sempre valorizando o futebol. E o que percebemos: estádios cheios, mesmo que seja para incentivar o time para subir da segundona para a primeira e por aí vai, como vemos aqui mesmo em Ribeirão Preto.

Não temos um Globo Cultura, não temos um caderno específico para isso nos grandes jornais... A programação cultural do maior canal brasileiro se restringe ao Vídeo Show, que divulga o que? NOVELAS. Talvez por isso a maioria da população acredita que esse entretenimento seja o mais prazeroso (por certo é mais cômodo).

Que bom seria se o espaço para a divulgação do Teatro fosse maior... Dentro da Folha e do Estadão, na Ilustrada ou no Caderno 2, raramente vemos críticas de espetáculos. Com a falta de divulgação não criamos a necessidade em consumir essa arte.

Quando não temos fome de arte logo consumimos outros aperitivos mais paltáveis na linha fast food.

Já reparou que em algumas propagandas de alimentos são exatamente na hora em que estamos com fome? Aproveitam desse clamor do nosso estômago para atiçarem nossa vontade por aquele tipo de comida que estão vendendo.

Não vendemos bem a nossa arte. Não geramos necessidades artísticas no povo, embora elas sejam vitais...

Você tem fome de quê?