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Esse blog é um espaço para a reflexão de como podemos fazer para Viver de Teatro.
É possível? Vale a pena?
Espero que meus relatos e os comentários postados aqui por vocês possam servir de debate nessa discussão.



sábado, 25 de setembro de 2010

Leis de Incentivo à Cultura

Uma lei de fomento ou de incentivo cultural deve propiciar ao grupo um momento de investimento na qualidade da pesquisa teatral.

Muitas “companhias” se formam única e exclusivamente para captarem verbas através de projetos públicos ou privados que tem a intenção de beneficiar diversas áreas culturais.

É um pensamento que nada compactua com o propósito de uma pesquisa artística. Grupos se formam por ideologia de pensamento, uma busca estética ou diversos outros motivos, mas quando o foco é captar dinheiro a intenção se dilui.

As empresas têm deturpado os projetos de estímulos culturais, fazendo marketing com uma parcela do imposto que deveria ser destinada ao incentivo de grupos que estão fora dos grandes pólos culturais e que lutam para sobreviver de migalhas. Outros projetos são aprovados por influência política, seja de governantes, seja de uma politicagem que ocorre dentro das instituições. Basta ver que os grupos beneficiados são sempre os mesmos. Parece um cartel cultural.

Sei que é triste e pesado falar sobre isso, mas é preciso que tomemos consciência do enfraquecimento dessas leis em virtude da falta de critério ético e artístico.

No âmbito federal temos a famosa Lei Rouanet, em São Paulo temos o PROAC e algumas cidades estão elaborando as leis de fomento municipais.
Alguns prêmios como o Miriam Muniz e Funarte também beneficiam com verbas em dinheiro o estímulo cultural. Itaú, CPFL, Caixa, SESI, entre outros também procuram contribuir nesse sentido.

Não sou contra, pelo contrário, sempre envio projetos do meu grupo, já fomos beneficiados, mas o que quero pontuar é que não se pode pautar a vida de um grupo teatral nesses projetos. Temos que fazer nossa arte independente disso, pois se num ano o projeto não for aprovado, como faremos para continuar a pesquisa? Se fazemos teatro, fazemos por objetivos que vão além da captação de recursos. Precisamos ir em busca da platéia, da formação do público, de políticas culturais que favoreçam os trabalhadores da área artística.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Momento Político

Alguns atores acham "um saco" falar em Política. Ignoram o fato de que discutir e eleger bons governantes pode ser vital para nossa profissão.

Os candidatos que aí estão nada falam sobre as propostas na área cultural. O Lula nada fez de eficaz, Gilberto Gil foi enfeite de estratégia de Marketing. Não vou falar de Dilma porque quem faz campanha por ela é nosso então presidente. Como nem ela fala por ela, vou me calar.
Serra fez o tímido PROAC que muda a toda hora.
Marina foi a única que levantou esse tema numa reunião específica. Ela só tem 11% dos votos, segundo pesquisas...

Dizem que Cultura não dá voto.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Festival Nacional de Penápolis

Com muito entusiasmo, cheios de idéias, repensando o teatro voltamos da longa viagem de Penápolis para Ribeirão Preto.

Impressionante como uma cidade pequena no tamanho consegue realizar um Festival de Teatro de tão alto nível.

Os jovens atores da cidade, coordenados pelo incansável Colevati, nos aguardavam sedentos. Tivemos uma lista grande de espera para a oficina que só tem lugar para 16 pessoas. Juntos fizemos uma belíssima apresentação de UBU REI na praça da Feira da cidade, com trem passando ao fundo e bêbado entrando em cena (coisas do Teatro de Rua)...

Na noite anterior assisti ao espetáculo O ANEL DE MAGALÃO com os alunos do curso de Arte Dramática do SENAC Araçatuba dirigido pelo queridíssimo Alexandre Melinsky. Alexandre foi um dos debatedores do Festival e nos ajudou na reflexão sobre nossa proposta. Claro que reencontra-lo sempre é um sinal de FESTA (RA). Bons momentos garantidos.

Conheci pessoalmente Toninho do Vale, um homem de teatro que a experiência é vista através do brilho no olhar e no respeito quando usa a palavra para apontar suas críticas.

Não posso deixar de citar nossos anjos Ricardo e Paulo que foram nossos mapas e companheiros para todas as horas!

No final do domingo, já cansados por todo o trabalho, tivemos o privilégio de discutir Teatro de Rua com a TRUPE OLHO DA RUA de Santos que apresentou  ARRUMADINHO.

Foi um momento especial, de confirmação de que estamos no caminho certo, de elogios que validam nossa proposta artística e de críticas que nos ajudam a progredir. Um momento importante para aumentar nossos contatos e fortalecer essa rede que é o teatro de grupo.
Com toda a certeza valeu a pena nossa participação nesse Festival, saímos modificados, transformados pela arte...

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

"Reconhece a queda e não desanima. Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima"

(Paulo Vanzolini)


Projetos, projetos e mais projetos! São intermináveis, difíceis de formatar, caros para enviar, enfim, um esforço imenso para buscar recursos através das leis de fomento cultural.

Não é fácil nesse país ser artista-professor-produtor e muitas vezes mais diversas outras coisas. Damos nosso sangue para que nossos projetos sejam aprovados. E muitas vezes não são.

Com expectativa aguardamos ansiosos pela lista dos contemplados. Olhamos, olhamos de novo, olhamos mais atentamente... e... Cadê o nosso projeto? Não foi dessa vez.

Por que não deu?

Podemos encontrar diversas respostas: O governo sempre beneficia os mesmos, as empresas querem patrocinar as ‘celebridades’, a formatação não agradou, o orçamento ficou confuso, o grupo ainda é novo para que se apostem, o projeto não era interessante... (vamos falar sobre essas questões nas próximas postagens)

O que não podemos é esmorecer. Não fazemos nossa arte para captação de recursos. O Teatro é algo maior. Nossos ideais ultrapassam qualquer desilusão. Claro que com dinheiro a viabilização de alguns sonhos são possíveis e a qualidade do trabalho tende a aumentar, mas artesanalmente continuamos fazendo nosso trabalho.

Com uma visão bem otimista termino: Um dia sai, aí ninguém nos segura!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Uma pausa para o descanso (?)


Nesse feriadão de 7 de setembro fui descansar no rancho de um grande amigo, em Miguelópolis.

Entre muita sombra e água fresca os dias (e as noites) eram regados por drinks e muita conversa e risadas. Quando me perguntaram sobre o que eu fazia, disse: Teatro!
Todos aqueles amigos do meu amigo, que não me conheciam, se espantaram e quiseram saber maiores detalhes. Eu disse que era ator, professor e diretor de teatro, que fazia parte de um grupo, etc, etc...

Muitos me indagaram sobre TV, se eu não tinha vontade de ser ator da Globo e tal... Quando falei que meu interesse é a pesquisa na área teatral, por incrível que pareça, algumas pessoas se interessaram e me bombardearam de perguntas sobre estrutura de grupo, como buscamos recursos para montagem de espetáculos, qual o perfil de um ator para “entrar” no grupo... Várias perguntas num país onde a arte teatral é um mistério, onde as pessoas conhecem apenas o glamour da nossa profissão e não fazem a menor idéia da batalha que travamos para seguir vivendo de teatro.

Voltei do Rancho feliz. Renovado pelos dias maravilhosos que passei e com a certeza de que esclareci muita coisa para uma meia dúzia de pessoas que, certamente, olharão o teatro com outros olhos!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Movimento Pró-Arena


Observando blogs e microblogs vi que domingo houve um pic-nic no Teatro de Arena que resultou num abraço simbólico daquele maravilhoso teatro.

Sim! O Arena é nosso patrimônio e precisa ser abraçado pela classe artística, pelos governantes responsáveis, pelas empresas e por toda a sociedade.
Temos em Ribeirão Preto um teatro construído aos moldes dos teatros gregos, um lugar lindo e que proporciona uma celebração incrível quando se apresenta lá.

Eu já tive a oportunidade de me apresentar por duas vezes no palco do Teatro de Arena. A sensação é a de que o público te engole, você vai para dentro da alma de quem assiste o espetáculo. É arrepiante, fantástico, indescritível.

Para que esse espaço cultural fabuloso possa voltar a exercer suas funções é preciso investimento, reforma e projetos movimentem aquela área.

O Teatro de Arena está localizado no Morro de São Bento, em frente fica o Teatro Municipal e bem perto temos a Secretaria de Cultura. Já ouvi vários comentários de pessoas diferentes dizendo que não freqüentam o Arena porque os banheiros estão destruídos, porque alguns malandros extorquem dinheiro para “olharem” os carros e por aí vai...
Mas a quantidade de gente que é apaixonada por aquele Teatro é infinitamente maior do que esses problemas. E esses problemas podem ser solucionados a qualquer momento. Força política, policiamento...
Não posso deixar de refletir que o Teatro de Arena pode vir a ser um espaço importante para quem decide viver de teatro. Com a casa arrumada o público poderá voltar e os atores poderão exercer seu ofício numa arquitetura que colabora na visibilidade e na acústica.

Para aqueles que não têm essa informação: o Arena está aberto para projetos de artistas de Ribeirão Preto com isenção de taxas!

Eu sou a favor do Arena e se preciso for vou até lá bater o tambor clamando aos deuses que algo seja feito para o Templo do Teatro.