Uma lei de fomento ou de incentivo cultural deve propiciar ao grupo um momento de investimento na qualidade da pesquisa teatral.
Muitas “companhias” se formam única e exclusivamente para captarem verbas através de projetos públicos ou privados que tem a intenção de beneficiar diversas áreas culturais.
É um pensamento que nada compactua com o propósito de uma pesquisa artística. Grupos se formam por ideologia de pensamento, uma busca estética ou diversos outros motivos, mas quando o foco é captar dinheiro a intenção se dilui.
As empresas têm deturpado os projetos de estímulos culturais, fazendo marketing com uma parcela do imposto que deveria ser destinada ao incentivo de grupos que estão fora dos grandes pólos culturais e que lutam para sobreviver de migalhas. Outros projetos são aprovados por influência política, seja de governantes, seja de uma politicagem que ocorre dentro das instituições. Basta ver que os grupos beneficiados são sempre os mesmos. Parece um cartel cultural.
Sei que é triste e pesado falar sobre isso, mas é preciso que tomemos consciência do enfraquecimento dessas leis em virtude da falta de critério ético e artístico.
No âmbito federal temos a famosa Lei Rouanet, em São Paulo temos o PROAC e algumas cidades estão elaborando as leis de fomento municipais.
Alguns prêmios como o Miriam Muniz e Funarte também beneficiam com verbas em dinheiro o estímulo cultural. Itaú, CPFL, Caixa, SESI, entre outros também procuram contribuir nesse sentido.
Não sou contra, pelo contrário, sempre envio projetos do meu grupo, já fomos beneficiados, mas o que quero pontuar é que não se pode pautar a vida de um grupo teatral nesses projetos. Temos que fazer nossa arte independente disso, pois se num ano o projeto não for aprovado, como faremos para continuar a pesquisa? Se fazemos teatro, fazemos por objetivos que vão além da captação de recursos. Precisamos ir em busca da platéia, da formação do público, de políticas culturais que favoreçam os trabalhadores da área artística.