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Esse blog é um espaço para a reflexão de como podemos fazer para Viver de Teatro.
É possível? Vale a pena?
Espero que meus relatos e os comentários postados aqui por vocês possam servir de debate nessa discussão.



quinta-feira, 22 de abril de 2010

Ribeirão em Cena



Ribeirão Preto é uma cidade que eu amo. Desde criança essa terra me causava enorme fascínio. Um dia recebi um telefonema de minha querida amiga Samantha Calsani dizendo que estavam procurando um professor de teatro para dar aulas no Ribeirão em Cena.

Participei de uma entrevista com o coordenador Gilson Filho e ao final já estava contratado.
Além de receber um ótimo salário havia a possibilidade de crescimento profissional e a afinidade com uma metodologia que priorizava a formação do aluno-artista.

Foram anos de aulas de voz e cultura popular brasileira. Várias direções de peças, noites temáticas, intervenções cênicas. Incontáveis manifestações políticas para garantir o futuro da ONG.

Enquanto trabalhei por lá a estrutura era a seguinte: a Usina Santa Elisa pagava o aluguel do teatro-escola, a prefeitura pagava os salários dos funcionários e a ONG administrava tudo.

Engraçado como o nome Espaço Cultural Santa Elisa pegou mais que Ribeirão em Cena. Foi um período intenso, conheci alunos que se tornaram amigos pessoais. Dias inesquecíveis de muita criação, pressão, risos e lágrimas, crescimentos e frustrações. Coisas que precisamos passar para nossa lapidação profissional.

Brecht, Antunes, Taoísmo, Humanismo, Paulo Freire, Plínio Marcos, Nelson Rodrigues, Bucovski, Jorge Amado, Hilda Hilst, e tantos nomes e pesquisas foram feitas para aperfeiçoar a criação livre e espontânea do Ator.

Em 2005 dirigi um sucesso de público. Eliane Ganem, a partir da literatura de cordel, recriou o mito do Fausto com um olhar extremamente brasileiro. Faustino, um Fausto Nordestino foi um espetáculo que misturou dança, sanfona e tecido de chita. Somando forças dos alunos, amigos e familiares, conseguimos uma produção estética bastante característica e demos uma cara cômica para um lugar que levava as coisas de forma tão sisuda. Conseguimos mostrar que para o pensamento crítico sobre onde estão alicerçados nossos valores a comédia nos ajuda a refletir melhor. Fomos para Febem, fizemos temporada no pequenino Espaço Débora Duboc e muita coisa ainda nos aguardava. Aquela força iria gerar e motivar uma geração nova de atores e atrizes e me colocar na situação, talvez mais séria, como diretor.

Foram quase 5 anos de dedicação no Ribeirão em Cena. Muitas peças foram montadas, incontáveis alunos passaram por mim. Um belo dia de janeiro de 2008 recebi, por telefone, a informação de que eu estava demitido. Perguntei o motivo, ainda atordoado e sem esperar por aqui naquele momento, e fui informado que era uma pressão política.
Perdi o chão por uma semana até receber outros dois telefonemas: um, do Senac atribuindo para mim a coordenação do então curso Técnico Ator, outro telefonema do Sesc, me convidando para iniciar o projeto com a terceira idade.

Coisas de quem vive de teatro... Um dia se perde muito, outro dia se ganha muito mais... Ganha-se asas maiores que te fazem voar além do imaginável!


‘O destino a gente faz por meio do próprio braço' (Faustino, um Fausto Nordestino, de Eliane Ganem)

sábado, 17 de abril de 2010

O Aperfeiçoamento da Didática


Em Cajuru fui convidado para integrar o quadro de funcionários da Casa da Cultura. Na gestão da prefeita Margarida do Nascimento, com a secretaria administrada pela competente Érika Moretini, o teatro em Cajuru viveu seus tempos áureos.

Minha grande surpresa foi que, para responder como diretor artístico da Casa da Cultura, a prefeitura contratou Dino Bernardi, que era meu professor na faculdade e se tornou um grande mestre que influencia até hoje no meu senso crítico e estético teatral.

Foi um período intenso, quatro anos de muitas produções de espetáculos e um grupo de alunos que se tornaram amigos para a vida toda.

Além das funções como professor, fui convidado para participar de inúmeras peças, contações de histórias e intervenções cênicas, dirigidas pelo Dino, que alimentava meu trabalho de ator e estimulava minha permanência na cidade Natal.

Não posso me esquecer de citar a extinta Mostra de Teatro Estudantil que Cajuru sediava, promovendo um intercâmbio entre diversas pequenas cidades que ali circundavam. Os alunos esperavam, ansiosos, por esse evento que agitava a vida cultural da cidade.

Quando outro governo assumiu a prefeitura, fiquei sabendo que nem o Dino nem a Érika continuariam a trabalhar na Casa da Cultura e, por acreditar que o trabalho teatral depende muito da equipe, não apareci mais por lá. Eles também não me procuraram. Foi um favor mútuo! E alcei vôos para uma nova etapa da minha vida.
Mudei para Ribeirão Preto e mergulhei de cabeça nessa nova fase... 

domingo, 11 de abril de 2010

Meu Primeiro Emprego

Em 1999, de agosto a dezembro, ministrei aulas de teatro no Serviço de Apoio Cajuruense à Infância, em Ca juru – SP.


Foi o início de minha experiência como professor de teatro e também o meu primeiro emprego. Nunca havia trabalhado na vida e comecei logo com teatro. Isso pra mim foi motivo de muito orgulho e crescimento. Durante esses meses, com apenas dois alunos, desenvolvi os estudos teatrais sobre a peça “Essa propriedade está condenada” de Tenesse Willians. Muita ousadia, mas a ousadia é uma das belas características de quem está no frescor da juventude, que acha que tudo pode por não ter nada a perder.

Quanto eu ganhava? Financeiramente nada! Não era um trabalho remunerado. Me dediquei à esse projeto como voluntário por várias sextas-feiras. Mas o que não se pode calcular foi o que ganhei como experiência e crescimento profissional enquanto desenvolvia esse projeto.

Assim comecei a viver de teatro, esse foi o pontapé inicial...

sexta-feira, 2 de abril de 2010

A Pós-Graduação

Em 2006, quatro anos após a formatura, decidi que era o momento de continuar os estudos acadêmicos. Digo isso porque acredito que nós, atores, não devemos e nem podemos nunca parar de estudar.

Era uma oportunidade de qualificar ainda mais o meu currículo e abrir novas portas para trabalhos como professor de teatro.

Na Universidade de Franca, durante um ano, com altos e baixos na qualificação dos profissionais envolvidos no curso, me tornei especialista em Teatro, Música e Dança para Educadores.

Não foi uma época tão intensa como vivi na faculdade, mas foi um momento necessário para minha carreira. Hoje consigo perceber como isso tudo me ajudou dentro dos trabalhos que posteriormente consegui.

E assim termino por aqui os relatos sobre minha formação acadêmica dentro da área teatral. Pelo menos por enquanto...