Diante da diversidade de grupos de teatro de Ribeirão Preto vejo quão rica é a produção cultural de nossa cidade.
As pesquisas vão do Clown ao Teatro Pós Moderno, com acertos e erros, mas com a busca, que é o mais importante nisso tudo.
Faço parte de um grupo que teve início a partir da pesquisa na área da cultura popular. Já realizamos diversos cursos, viajamos aprendendo danças e músicas populares e encontramos na rua essa manifestação mais eficaz. Como a cultura é viva ela não se empedra e nossos trabalhos vêm nesses últimos anos evoluindo ora dentro de nossa própria pesquisa ora convidando pessoas para agregar suas estéticas ao nosso trabalho.
Embora tenhamos feito o espetáculo “Ai, amor...” inspirado na obra de Molière, que por sua vez se inspirou na Commedia dell´Arte na construção de seus personagens, nunca fizemos um estudo sobre a Commedia dell´Arte que resultasse numa peça.
Vejo muitas pessoas que nunca estudaram teatro na vida (nem sei se estudaram alguma coisa) tendo a pretensão de se colocarem como críticos de teatro e avaliando que em nossa cidade só fazemos Commedia dell´Arte.
O único grupo profissional de Ribeirão Preto que trabalhou com uma pesquisa fundamentada na Commedia dell´Arte foi o Fora do SériO. Só por ser o grupo mais importante da cidade, reconhecido por dezenas de críticos que nos deparamos na estrada, merece muito respeito. Escrever de forma depreciativa sobre essa face do teatro é se esquecer de que foi na Commedia dell´Arte que os atores foram vistos pela primeira vez como profissionais. Poderia até escrever uma aula aqui sobre a Commedia dell´Arte, afinal sou preparado para isso e detenho esse tipo de conhecimento, mas prefiro estimular a pesquisa daqueles que não conhecem ainda esse período maravilhoso da história do teatro que inspirou diversos autores, entre eles o atemporal W. Shakespeare. Pra realizar um trabalho nessa linha é preciso um treinamento corporal de jogo com a máscara intenso, pois sabemos que Commedia dell´Arte sem máscara não existe.
Essa forma de criação de teatro ainda é viva e pulsante. Ainda faz com que o público se questione através de um riso que parece ingênuo, mas que continua nos fazendo ver nesses tipos como servos, patrões ou, simplesmente, enamorados.
Antes de fazer o papel do “Dotore” – personagem falastrão, que fingia conhecimento e soltava umas palavras em latim que nem ele sabia o significado – é importante olhar para o que realmente Ribeirão Preto tem produzido. São prêmios, críticas e turnês que coroam diversos grupos, reconhecendo a qualidade desses trabalhos.
Eu, como diretor de diversas peças da Cia Teatral Boccaccione, nunca montei um espetáculo de Commedia dell´Arte, embora seja um apreciador desse potencial de teatro. O próprio UBU REI, nosso trabalho atual onde trabalho apenas como ator foi pensado a partir do corpo do bufão, mas isso já seria uma outra pauta para nosso Blog.
Fico com as palavras de Toninho do Valle, crítico teatral: “O teatro tem mil facetas e suas mil facetas hão de ser mostradas”.
Merda!