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Esse blog é um espaço para a reflexão de como podemos fazer para Viver de Teatro.
É possível? Vale a pena?
Espero que meus relatos e os comentários postados aqui por vocês possam servir de debate nessa discussão.



terça-feira, 30 de novembro de 2010

Teatro para Educadores - a importância da Arte na Sala de Aula

Fico muito entusiasmado com a disciplina Teatro para Educadores que tenho ministrado há dois anos no Centro Universitário Claretiano, no curso de Artes.

Mostrar que teatro na escola vai muito além de “montar pecinhas” é uma oportunidade que vejo em colaborar para a formação de indivíduos que talvez não se tornem atores, mas que terão um olhar mais crítico sobre o fazer teatral. Serão pessoas melhores, trabalharão com seus sentimentos, aprenderão a lidar com a criatividade e o corpo se expressará com liberdade. E certamente serão pessoas que freqüentarão os teatros, como expectadores e, se Dionísio quiser, como futuros atores.

Sou um sonhador otimista. Desejo muito que os novos professores de Artes possam reverter o passado onde as encenações em datas comemorativas dêem lugar ao jogo teatral.

Empenhado e inspirado por Olga Reverbel desenvolvo minha missão como arte-educador.
Que o Teatro invada as escolas e provoque uma explosão de dentro para fora!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Senta bunda na cadeira, estuda e não fala bobeira!

Infelizmente algumas pessoas fazem espetáculos tão ruins, com elencos tão medíocres, que o que sobra é inventar uma polêmica para que sua peça seja comentada no dia seguinte. Mas discutir sobre um olhar artístico o trabalho só é possível com quem realmente é importante para o cenário teatral.
Não tenho paciência para pessoas que antes deveriam estar na sala de aula como alunas e não como professoras.

Começo esse texto com um comentário rude para falar sobre a importância do estudo em nossa área. Cobramos tanto das pessoas um respeito sobre nossa profissão, mas nós mesmos, às vezes, não nos respeitamos.

Teatro é coisa séria (e brincadeira ao mesmo tempo) e para que possamos ter o respeito da população e o investimento, seja ele governamental ou privado, temos antes que investir em nosso material de trabalho.
Quando atores, o nosso corpo, nossa voz, nosso intelecto, nosso espírito. Quando diretores, a nossa observação, nossa intuição, nosso olhar. Quando professores, nossa didática, nossas bibliografias.

Enfim... nosso material de trabalho mais importante, seja qual for a área de atuação teatral, é a sensibilidade!

O estudo dá embasamento para a realização da nossa arte. Com o conhecimento conseguimos ir mais longe, olhando para o que já foi feito e almejando onde ainda podemos chegar!

Merda!

sábado, 20 de novembro de 2010

Commedia dell´Arte - quem pode faz, quem não pode bate palma ou... da diversidade do Teatro em nossa cidade

Diante da diversidade de grupos de teatro de Ribeirão Preto vejo quão rica é a produção cultural de nossa cidade.
As pesquisas vão do Clown ao Teatro Pós Moderno, com acertos e erros, mas com a busca, que é o mais importante nisso tudo.

Faço parte de um grupo que teve início a partir da pesquisa na área da cultura popular. Já realizamos diversos cursos, viajamos aprendendo danças e músicas populares e encontramos na rua essa manifestação mais eficaz. Como a cultura é viva ela não se empedra e nossos trabalhos vêm nesses últimos anos evoluindo ora dentro de nossa própria pesquisa ora convidando pessoas para agregar suas estéticas ao nosso trabalho.
Embora tenhamos feito o espetáculo “Ai, amor...” inspirado na obra de Molière, que por sua vez se inspirou na Commedia dell´Arte na construção de seus personagens, nunca fizemos um estudo sobre a Commedia dell´Arte que resultasse numa peça.

Vejo muitas pessoas que nunca estudaram teatro na vida (nem sei se estudaram alguma coisa) tendo a pretensão de se colocarem como críticos de teatro e avaliando que em nossa cidade só fazemos Commedia dell´Arte.

O único grupo profissional de Ribeirão Preto que trabalhou com uma pesquisa fundamentada na Commedia dell´Arte foi o Fora do SériO. Só por ser o grupo mais importante da cidade, reconhecido por dezenas de críticos que nos deparamos na estrada, merece muito respeito. Escrever de forma depreciativa sobre essa face do teatro é se esquecer de que foi na Commedia dell´Arte que os atores foram vistos pela primeira vez como profissionais. Poderia até escrever uma aula aqui sobre a Commedia dell´Arte, afinal sou preparado para isso e detenho esse tipo de conhecimento, mas prefiro estimular a pesquisa daqueles que não conhecem ainda esse período maravilhoso da história do teatro que inspirou diversos autores, entre eles o atemporal W. Shakespeare. Pra realizar um trabalho nessa linha é preciso um treinamento corporal de jogo com a máscara intenso, pois sabemos que Commedia dell´Arte sem máscara não existe.

Essa forma de criação de teatro ainda é viva e pulsante. Ainda faz com que o público se questione através de um riso que parece ingênuo, mas que continua nos fazendo ver nesses tipos como servos, patrões ou, simplesmente, enamorados.

Antes de fazer o papel do “Dotore” – personagem falastrão, que fingia conhecimento e soltava umas palavras em latim que nem ele sabia o significado – é importante olhar para o que realmente Ribeirão Preto tem produzido. São prêmios, críticas e turnês que coroam diversos grupos, reconhecendo a qualidade desses trabalhos.

Eu, como diretor de diversas peças da Cia Teatral Boccaccione, nunca montei um espetáculo de Commedia dell´Arte, embora seja um apreciador desse potencial de teatro. O próprio UBU REI, nosso trabalho atual onde trabalho apenas como ator foi pensado a partir do corpo do bufão, mas isso já seria uma outra pauta para nosso Blog.

Fico com as palavras de Toninho do Valle, crítico teatral: “O teatro tem mil facetas e suas mil facetas hão de ser mostradas”.

Merda!

I Festival de Teatro de Ribeirão Preto

Após anos de reivindicações conseguimos realizar o I Festival de Teatro de Ribeirão Preto, uma parceria entre a Prefeitura, SESC e os artistas envolvidos com a arte teatral da cidade.

A Secretária de Cultura Adriana Silva não mediu esforços para juntamente com Flávio Racy, representando os atores no Conselho Municipal de Cultura, criar um edital que desse a oportunidade dos grupos da cidade mostrarem “suas caras” para a população. Os grupos selecionados tiveram a oportunidade de, por meio de debates ao final das apresentações, discutirem o processo criativo com o objetivo de aperfeiçoar o trabalho.

Foi um momento fantástico de estrema democracia. Ainda por ser o primeiro temos muitas coisas a melhorar, como uma mais rigorosa seleção dos críticos e dos espetáculos e a busca por uma estrutura técnica mais primorosa.

Com o tempo, desejo que o Festival possa se abrir e outros grupos possam se inscrever para que a troca nos tire do provincianismo que, às vezes, insiste em perpetuar.

Um momento muito importante foi o Fórum sobre de Teatro já preparando a próxima edição, abrindo oportunidade para um diálogo entre todos os realizadores desse projeto.

Vida longa ao Festival!
Merda!