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Esse blog é um espaço para a reflexão de como podemos fazer para Viver de Teatro.
É possível? Vale a pena?
Espero que meus relatos e os comentários postados aqui por vocês possam servir de debate nessa discussão.



quarta-feira, 20 de abril de 2011

Cadê o público?

Uma aluna de Artes (Teatro para Educadores) disse que as salas de espetáculos estão cada vez mais vazias em virtude dos preços elevados dos ingressos.

Concordo que os valores abusivos podem ser um dos fatores responsáveis pela falta de público. Mas não o único!

O SESC, espalhado por diversas cidades do estado de SP trazem em suas programações espetáculos de alto nível de qualidade com valores baixíssimos ou gratuitos. Mas será que o público quer ver o Teatro ou o tal ator da novela de perto? Com essa consciência a arte perde o lugar para a "tietagem."

Muitas cidades pequenas investem em espetáculos gratuitos para a população (eu mesmo tenho rodado por muitas delas com a Cia BOCCACCIONE) em praças, casas de cultura e salões de clubes e tenho acompanhado a luta por conseguirem público, tendo, muitas vezes, que recorrerem às escolas que liberam, contrariadamente, seus alunos para servirem de plateia.

Diversas questões podemos levantar, mas em nosso país a questão é cultural.

Sabem por que os estádios de futebol vivem cheios?
Porque em todas as escolas temos uma quadra e um professor de educação física que ensina futebol.

Em quantas escolas temos um espaço para o teatro e um professor preparado que ensina essa arte?

9 comentários:

  1. Jotinha,

    Tem muita coisa ruim sendo feita também, e muita gente sem talento auto-entitulando-se artista! Uma pena! Não é só a formação.

    Saudações efusivas!!!

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  2. O grande mestre Groucho Marx respondeu em seu artigo intitulado: “Por que os teatros estão vazios?”. Resumindo em suas palavras: “Porque o teatro não é obrigatório... Se a escola não fosse obrigatória com certeza também estaria vazia.” E é isso sem nenhuma complicação. Os estádios também estão vazios se o time não for grande, se for da “segundona” então tem menos gente que nos teatros. Nunca ouvi falar de um São Paulo X Palmeiras vazio, assim como nunca ouvi falar de um Musical no teatro Abril vazio também. Querem reverter esse quadro? Aqui vão algumas dicas:
    1 – Esqueça formação de público para adulto, só serve pra aprovar e justificar “festivalzinho de 5ª categoria”. Adulto tem esse nome dentre outras coisas porque já está formado.
    2- Se você é pai leve seu filho ao teatro uma vez por semana a partir dos 4 anos, sem falta e pra ver qualquer bosta.
    3 – Se você é professor faça a escola que você dá aula levar os alunos pequenos ao teatro no mínimo de 15 em 15 dias. (Pra ver qualquer bosta, pode escolher, mas qualquer bosta serve).
    4 – Não fique colocando a culpa na falta de qualidade de nada, o cinema americano está sempre lotado seja lá qual for a merda que estiver passando.
    5- Pare de tentar fazer o teatro ser especial e diferente. Ele é um entretenimento como outro qualquer e só não chega perto do cinema porque os artistas teatrais querem dar um valor que não existe.
    6 – Não se preocupe com a qualidade o importante é a constância. Depois de 5 anos de exposição maciça ao teatro ele vai entender que o teatro é uma diversão como qualquer outra e vai ao teatro como vai ao cinema e como assiste a novela ou o desenho animado na TV. Vai entender que tem um preço, vai aprender a escolher sozinho e com um pouco mais de tempo vai criticar melhor do que a maioria das pessoas que fazem teatro.
    Eu fiz essa experiência com a minha filha e com 10 anos de idade ela estava pronta. Levei-a para assistir um espetáculo de palhaço (perdão CLOWN) do Lume, na metade do espetáculo ela disse: “Pai vamo embora? Esse palhaço é muito ruim... ele pegou os números daquela fita que você tem de palhaços e estragou todos, ele é chato, lento, triangula mal e não respeita a platéia”. Trabalhei naquela garota linda e meiga por apenas 10 anos e estou tranquilo para o resto da vida. Vão dizer que é porque ela é minha filha... SIM... E é porque eu obriguei e levei ela ao teatro. Fui embora realizado!
    ANDRÉ CRUZ (Ator/ Palhaço)

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  3. Ah, André... se esperarmos que os Pais façam como você, que levem seus filhos ao Teatro, a tendência será piorar.
    Atribuo à escola o papel de incutir uma cultura teatral. Não aquela de montar pecinhas didáticas, mas de levar ao teatro, de ENSINAR teatro, de fomentar isso dentro do território de formação do indivíduo.
    Cada dia mais a função de ensinar é atribuída à escola e os pais se eximem de qualquer papel na vida dos filhos a não ser o de progenitor.
    Transformar esse adulto talvez seja mais utópico ainda, concordo com você. É do berço que a ação acontece com eficácia.
    Sua realização em observar o poder de crítica da sua filha aos 10 anos é uma prova disso.
    Agora observemos a bola de neve: se os pais não foram estimulados, quando crianças, a frequentarem os teatros certamente farão o mesmo com os filhos, aí teremos círculo vicioso perverso com a nossa arte.
    Ao meu ver existe um fio de esperança: a escola...

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  4. Concordo João Paulo, a escola por mais que não pareça é sim a salvação para conseguirmos fazer o teatro ser mais e melhor frequentado.
    É a partir deste ambiente que temos a chance de fazer com que o gosto pelo teatro seja descoberto e apreciado. E isso não significa que todos devem gostar da arte, gostar deste tipo de entretenimento, mas que no mínimo conheçam e respeitem.
    Para mim o teatro ainda é uma das maiores formas de transformar o ser humano criança ou adulto.
    FERNANDO FARO

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  5. Complementando o que os dois disseram, a questão mais difícil fica justamente aí, na escola, o ensino tá muito mais pobre, então como esperar que os professores tomem alguma atitude. E seria injusto também julgar os professores, que ganha mal pra aguentar alunos mal educados,e muitas vezes pais mal educados,tai outro círculo vicioso, sem prazer se trabalha mal, a instituição perde o professor mas não o aluno... e acontece o que vemos todos os dias ai, a escola não é mais lugar seguro... é lugar de bandido, brigas...nessa precariedade, falta o espaço pra arte , pra criação, e pra cidadania...mas, apesar dessa realidade ruim, também acredito que nem tudo está perdido...
    Tem outro lado também, o do preconceito,de não gostar daquilo que não se conhece, eu mesma era preconceituosa e achava que ópera devia ser uma coisa chata pra caramba, e quando fui assistir pela primeira vez, tive a sorte de ser algo bom rs e adorei! Mas talvez essa descoberta tenha que ser um pouco pessoal de cada um..
    Nussa!falei demais! rsss
    bjs Renata Carlomagno

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  6. Alguém ai tá cego? Eu falei da escola... “se você for pai leva, se você for professor obriga a escola a levar e pronto”, tópicos 2 e 3. Agora se alguém acredita no poder das pessoas se conscientizarem boa sorte. Não deveria ter citado meu exemplo só atrapalhou, esqueceram o resto. Vou simplificar:
    SÓ TEREMOS PÚBLICO SE TODAS AS CRIANÇAS A PARTIR DOS QUATRO ANOS FOREM OBRIGADAS A ASSISTIR QUINZENALMENTE UMA PEÇA DE TEATRO (POR MAIS PORCARIA QUE SEJA A MESMA).
    Qualquer coisa além disso na minha opinião é continuar uma discussão que como eu disse o Groucho na década de 40 já tinha encerrado. E enquanto tivermos artistas de teatro mais preocupados com o valor cultural do mesmo e menos preocupados em obrigar as crianças a irem ao teatro teremos o mesmo problema e não vamos quebrar nenhum círculo vicioso.
    Pra terminar é uma bela discussão, mas as crianças saem da 8ª série sem saber ler e escrever e alguém ainda espera que ela seja tocada ou modificada? A nossa política faz questão de ter um povo semi alfabetizado pra poder controlá-lo com maior facilidade. Eu não acredito na escola ela virou outra coisa, virou fábrica de linguiça. Obrigue a linguiça a assistir qualquer teatro por um mandato inteiro e você vai ver o que acontece ao final de 4 anos, ela vai acostumar, depois gostar e por último exigir. Querem fazer diferença? Vamos trocar nossos “festivaizinhos” de teatro por isso. Se tiverem ai mais uns 10 loucos pra me ajudar a gente tenta implantar nas escolas municipais. Vamo lá?

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  7. RETIFICANDO: O artigo que falei não é do Groucho Marx e sim de KARL VALENTIN.
    DESCULPEM A FALHA DE MEMÓRIA!

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  8. Eu concordo com sua visão André, por isso eu falei sobre a realidade escolar, que não é o que acontece. E realmente poucos pais tem a visão que você tem...mas o difícil é cobrar de alguém para fazer isso,justamente por alguns motivos que foram citados, o do professor ter perdido seu respeito em sala de aula, do governo que como você disse, quer uma população sem senso crítico, e a mídia contribui mais ainda pra isso, claro que dando uma filtrada, mas o popular é o jornalismo agressivo,o Datena da vida que ao meu ver, incuti mais violência ainda. Antigamente tinha filosofia e sociologia como matéria obrigatória na escola pública, até isso tiraram, isso na época quando minha mãe estudava, na minha já não tinha. E sobre a descoberta particular de cada um, isso se a pessoa tiver ao menos o conhecimento daquilo, porque talvez a curiosidade faça com que ela procure ao menos se informar e quem sabe numa dessas acaba gostando do que vê.
    Vou ler sobre Karl Valentin. E tudo começa com uma idéia né!

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  9. É... tá rendendo o assunto aqui, hein!? Pelo menos a dialética existe.
    Sobre a obrigatoriedade eu acredito ser um caminho para o conhecimento, nesse ponto, Renata, acredito, como você, que a descoberta particular só ocorre com um embasamento e a escola pode dar esse embasamento na educação artística (e o teatro está inserido aqui) como pretende nos embasar em outras áreas.
    Não posso desacretidar na escola, senão não teria sentido meu papel de arte-educador. Trabalho como professor de Teatro para Educadores e creio estar fazendo uma pequena diferença na vida desses alunos quando apresento a eles um teatro que eles não conhecem, que vai além de montar pecinhas. Quero acreditar que esse conhecimento será frutificado dentro da escola. Talvez numa proporção muito menor do que deveria.

    Não acho necessário abolir os festivais. Eles atendem a outra questão pontual que é a discussão artística. Não precisamos anular uma coisa para pensar em outra. Deixemos os festivais com o papel que lhes cabe, de vitrine, fomento, instigação á pesquisa etc, etc, etc...

    Vamos elaborar um projeto novo para inserir esses alunos no Teatro.
    Dessa forma, André, precisaremos de mais 9 loucos agora... Tô contigo nessa luta. Vamo lá?

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