Em Cajuru fui convidado para integrar o quadro de funcionários da Casa da Cultura. Na gestão da prefeita Margarida do Nascimento, com a secretaria administrada pela competente Érika Moretini, o teatro em Cajuru viveu seus tempos áureos.
Minha grande surpresa foi que, para responder como diretor artístico da Casa da Cultura, a prefeitura contratou Dino Bernardi, que era meu professor na faculdade e se tornou um grande mestre que influencia até hoje no meu senso crítico e estético teatral.
Foi um período intenso, quatro anos de muitas produções de espetáculos e um grupo de alunos que se tornaram amigos para a vida toda.
Além das funções como professor, fui convidado para participar de inúmeras peças, contações de histórias e intervenções cênicas, dirigidas pelo Dino, que alimentava meu trabalho de ator e estimulava minha permanência na cidade Natal.
Não posso me esquecer de citar a extinta Mostra de Teatro Estudantil que Cajuru sediava, promovendo um intercâmbio entre diversas pequenas cidades que ali circundavam. Os alunos esperavam, ansiosos, por esse evento que agitava a vida cultural da cidade.
Quando outro governo assumiu a prefeitura, fiquei sabendo que nem o Dino nem a Érika continuariam a trabalhar na Casa da Cultura e, por acreditar que o trabalho teatral depende muito da equipe, não apareci mais por lá. Eles também não me procuraram. Foi um favor mútuo! E alcei vôos para uma nova etapa da minha vida.
Mudei para Ribeirão Preto e mergulhei de cabeça nessa nova fase...
Nossa, a vida e seus mistérios...
ResponderExcluirUma perda considerável pra cidade visto os profissionais que iriam doar sua paixão por ela; porém, os dedinhos de Deus te escolheram pra algo maior, se tivesse dado certo provavelmente seu crescimento teria demorado um pouco mais!
Muito bom saber um pouco mais de sua caminhada, como aluna é gratificante...
Bom, o motivo que vim aqui na verdade hehehehe é que estava lendo um doutorado da Unicamp sobre "Ator e Alma" e li uma frase que me lembrei automáticamente de você quando disse que se sente esgotado quando sai de cena... A frase é:
“O ator que representa sabe que isso realmente modifica seu corpo, que
isso o mata a cada vez”.
(VALÈRE NOVARINA)
Acredito que representar é se doar, estive "filosofando" sobre isso esses dias..
O teatro absorve as outras artes, mais ele não nos "completa"... Não da maneira de preencher, na maioria das vezes ele nos esvazia. O completar é momentâneo, o disprendimento de se encher para um novo trabalho e se esvaziar pra recomeçar outro.
Daí essa inquietação, essa necessidade de saber de conhecer, prencher novamente...
De saltitar entre uma coisa e outra tão característica de um ator como se estivesse andando sobre o mar e avistasse nas águas algo que lhe chame a atenção e ele mergulha e muitas vezes não consegue definir o que encontra por estar muito fundo e escuro. Mas ele não desiste, sobe à superfície e se sente grato pelo mergulho e com o tempo afina sua sensibilidade e visão. Não como um Deus que anda sobre as águas, mais como um mortal que tenta chegar à sua divindade.
Vishiis viajei O.o
Liga não João é normal! É que sua condição de professor e o respeito que eu tenho me distanciam um pouco.
Deixa eu ir antes que eu fale besteira, isso se já não disse rsrsrsrsrs Fui! Beijo
Pode viajar à vontade. Fico muito honrado com sua participação e seu comentário aqui nesse fórum.
ResponderExcluirEstamos no mesmo mar nessa viagem. E o que hoje pode nos distanciar, amanhã irá nos unir. Somos vocacionados do mesmo ofício. Somos atores. E eu tenho um respeito imenso por você.
Sobre o que você leu, concordo... nossa representação nos esgota. Somos mártires do público sedento. Mas essa doação é o que nos move à dedicação de sempre querer fazer melhor e se apresentar mais!
Um beijo enorme...