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Esse blog é um espaço para a reflexão de como podemos fazer para Viver de Teatro.
É possível? Vale a pena?
Espero que meus relatos e os comentários postados aqui por vocês possam servir de debate nessa discussão.



sexta-feira, 16 de julho de 2010

Cia Teatral Boccaccione

Em 2005 dirigi na ONG Ribeirão em Cena a peça FAUSTINO, UM FAUSTO NORDESTINO, texto de Eliane Ganem. Os atores deram dinheiro do próprio bolso para comprarmos o cenário e os figurinos. Foi um sucesso! Levamos um público que aquele lugar nunca tinha visto. Empolgados com isso conseguimos pequenos apoiadores, a liberação do texto pela autora e fizemos uma breve temporada no pequeno espaço cênico Débora Duboc.


Os alunos, empolgados, me convidaram para realizarmos um núcleo de pesquisas em cultura popular. Eu estava muito interessado nessa linha de pesquisa e aceitei sem hesitar. Propus ao coordenador a realização dentro da ONG desse núcleo e ele não aprovou dizendo ainda que a peça Faustino era do Ribeirão em Cena, por ter sido realizada utilizando o professor e espaço físico da ONG. Resolvemos realizar as reuniões do núcleo de pesquisas em Cultura Popular Brasileira na casa de um dos integrantes, cientes que deveríamos criar um novo trabalho.

Na busca por um nome fizemos uma lista, colocamos no Orkut e saímos procurando se já existiam grupos com os nomes selecionados. Como a vontade de falar o que quiséssemos era grande mas não podíamos por estarmos reféns de situações que nos oprimem a personagem Boccaccione com sua máscara de boca imensa de alguma forma nos sensibilizou. Batizamos o grupo de Companhia Teatral Boccaccione.

Nesse meio tempo houve a falha trágica. Um ator inscreveu a peça Faustino num festival de teatro como Boccaccione, sendo que o combinado era colocar Ribeirão em Cena. Nesse momento toda a cólera caiu sobre nós. Fomos expulsos da ONG, o ator que fez a inscrição, com seus 60 anos foi humilhado e nossas desculpas não foram aceitas. Erramos sim, mas era um erro passível de correção. Não quiseram explicações.

Dizem que o Boccaccione nasceu do Ribeirão em Cena, eu digo que não. Foi preciso que o grupo morresse no Ribeirão em Cena para que ele nascesse para uma vida nova. Após a briga toda o grupo se desfez, muitos atores não quiseram mais continuar e por isso fomos agregando outras pessoas que foram colaborando para reestruturar. O desejo de fazer arte foi maior que o medo e que o desânimo causado pela punição. Onde iríamos ensaiar? Onde iríamos nos apresentar?

Do grupo inicial restou o Michel e a Nathália. Logo em seguida vieram Marcelo, Lilian e Naná. Somado a esse elenco tínhamos pessoas especiais como Aline e Edircéia. Escolhemos um novo trabalho e fomos desenvolver a pesquisa do teatro de Rua. Com o Velho da Horta de Gil Vicente, em Setembro de 2006, na feira do Livro, a convite da querida Tereca Corbani, estreamos a Companhia Teatral Boccaccione. Nossa linguagem, nossa essência, vêm desse desejo de fazer teatro, dessa ressurreição que se levanta depois de ser esfacelada. Hoje, fazem parte desse grupo Milton e Karol, ainda passaram deixando suas marcas eternas e contribuindo para a linguagem do grupo Tiago, Jéssica e Fábio.

A vida me deu a oportunidade de fazer parte de um grupo de teatro tão talentoso. No início, trabalhando apenas como diretor, por ser o mais experiente do grupo e afinando nossa estética teatral que se aprimora a cada espetáculo, hoje, atuando junto com todos e realizando plenamente minha vocação.

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